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Prospect Park

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Prospect Park

Mensagem por Oráculo de Delfos Dom Out 09, 2022 12:09 am

Prospect Park
⁘ Nova York ⁘
Localizado no coração do Brooklyn, o Prospect Park é um parque público dos mais famosos da região. Fica perto de pontos turísticos como o Parque Jardim Botânico do Brooklyn, da arena Barclays Center, da Old Stone House, do Brooklyn Children’s Museum, e do The Pavilion Theater. Ele é um dos maiores da cidade, e é muito frequentado por moradores da região e por turistas. O Prospect Park foi fundado no século 19 e seu projeto foi idealizado pelos mesmos arquitetos do Central Park: Frederick Law Olmsted e Calvert Vaux.

Há diversas atrações no Prospect Park para se visitar, além dos próprios jardins e alamedas do local. Tem a casa de Edwin Clark Litchfield, um dos fundadores do Brooklyn; o Long Meadow, um prado de 36 hectares para caminhar e curtir a paisagem; o Picnic House, o The Boathouse (que abriga um centro de visitantes), o lago do Brooklyn, entre outros.

O parque também conta com um zoológico que possui vários eventos diferentes, entre eles está o Discovery Center. O passeio é ideal para quem está com crianças, pois possibilita o contato direto com os animais. Há ainda a opção de acompanhar o treinamento de leões marinhos e as visitas guiadas.

Se você gosta de praticar esportes, o parque possui várias quadras de esporte, incluindo sete campos de beisebol no Long Meadow, e o Prospect Park Tennis Center, quadras de basquete, campos de beisebol e campos de futebol.

Aberto de Terça a Domingo, das 8h às 22h.
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Re: Prospect Park

Mensagem por Angelina Schuyler Qui maio 04, 2023 3:54 am

Subterrâneo desconhecido
XX:XX
S01P01
Seus olhos se abriram. Angelina podia sentir o seu corpo fraco, como se não se mexesse há bastante tempo. Isso não fazia sentido. O teto que observava também não fazia sentido, lembrava pedras polidas coladas umas às outras, como se formassem as paredes de um poço. Ela se lembrava de ter dormido em sua casa que com certeza não tinha um teto feito aquele. Foi o momento que sua ficha caiu, que seu cérebro acordou de vez e percebeu o que estava acontecendo. Ela não estava em sua casa. Sequer sabia onde estava. Angelina se levantou, sentando-se, e olhou em volta. Com certeza estava no subterrâneo. As paredes tinham a mesma textura do teto, pedras polidas coladas umas às outras, apenas o chão diferia, parecendo o de uma caverna que foi terraplanada. Não havia qualquer janela e a única coisa de diferente nas paredes era uma porta em uma delas, feita de ferro. Nos cantos, algumas lâmpadas elétricas faziam a iluminação. Ela ficou agradecida por não serem tochas, mas sinceramente… Parecia uma prisão, o que deixou Angelina alerta. Ela, então, olhou para sua própria situação. Estava deitada numa cama confortável, no centro do cômodo, e havia um cateter conectado a uma agulha que estava fincada em seu braço. Dentro do cateter um líquido vermelho corria. Ela seguiu o objeto e encontrou uma bolsa de sangue na outra extremidade, preso mais ao alto por um daqueles tripés de hospital que carrega soro. Percebeu, então, que estava morrendo de fome. Sem cerimônias ela estendeu o braço e pegou a bolsa de sangue, tirando o cateter dali e deixando a abertura livre. Ela levou a bolsa à boca e a virou, bebendo o sangue, satisfazendo a si própria. Por alguns minutos, o mundo era apenas aquilo, mas quando a bolsa acabou, ela se lembrou que não estava numa situação boa. Resumindo: ela dormiu em casa e acordou num lugar completamente desconhecido.

Quem teria a sequestrado? Pensava ela que a ilha era segura do restante do mundo, que ali não tinha mais inimigos, uma vida nova. Doce inocência, Angelina deveria saber que uma vez líder, sempre seria. Sempre haveria alguém para se vingar ou alguma coisa do gênero. Porém, não fazia sentido ainda… Ela ficou perdida em seus pensamentos até começar a ouvir barulhos fortes do outro lado da porta de ferro. Ela não conseguia distinguir o que os barulhos significavam, mas coisa boa não era. Angelina se levantou da cama, arrancando a agulha do braço, e percebeu o quanto estava fraca. Andar foi um pouco difícil até acostumar-se com essa sensação de “corpo letargico”. Foi a primeira vez que ela parou para perceber que roupas estava vestindo, nada mais do que uma camisola branca. Muito estranho. Angelina caminhou até a porta de ferro e, para sua surpresa, não encontrou nenhum problema em abri-la. Se é uma prisão, a segurança é péssima. Ela não pode deixar de pensar. Ao sair do cômodo onde estava, deparou-se com um corredor. Suas paredes, teto e chão eram similares aos do quarto anterior. Ela percebeu que estava no final do corredor e ele se estendia até dar em uma escada que subia na outra extremidade. Haviam outras portas ao longo corredor e, ao que parecia, de acordo com sua audição, os barulhos estranhos e fortes estavam vindo de uma das portas. Cautelosamente, ela foi se aproximando, andando em frente. Passou por uma porta de ferro ao qual não quis tentar abrir, tentada o bastante pela curiosidade de seguir a “porta barulheira” para ignorar as demais. Esta porta foi a segunda que ela encontrou e, por ser inteiramente de ferro, não tinha nenhum orifício pelo qual ela podia espiar lá dentro. Sua mão foi até a maçaneta, mas antes de girá-la, seu olhar desviou para a escada. Também poderia seguir aquele caminho… Mas o que haveria atrás da porta? O que estava fazendo tanto barulho? Parecia até que… Coisas estavam sendo jogadas na parede. Uma sensação familiar se apoderou dela e, enfim, ela abriu a porta em apenas uma fresta, devagar.

Dentro do novo cômodo, Angelina encontrou um cenário bem caótico. A primeira coisa que ela reparou foi numa estranha criatura morta. Parecia uma humana comum… Tirando o fato de que sua pele fazia um degradê de cores. A cabeça tinha cor de pele moreno comum, mas à medida que ia descendo para suas pernas, a cor ficava totalmente azulada. Nem mesmo mortos ficavam com aquele tom de azul, só não era natural. Em sua cabeça, bem no meio da testa, uma faca estava cravada. Sangue escorreu pelo seu rosto, se dividindo em dois caminhos ao encontrar com o nariz. Aquela estranha mulher estava com o corpo sentado no chão, sem vida. Apenas observando a cena, Angelina podia entender que ela estava escorada de costas na parede ao morrer e, quando foi acertada pela faca, seu corpo deslizou pela parede até terminar sentado. Por um momento, a cabeça de Angelina doeu tanto que parecia que ia explodir enquanto, ao mesmo tempo, ela se lembrava de algo que parecia ter esquecido completamente. Ela estava de pé olhando para aquela mesma mulher de pele azul. Era de noite, elas estavam na beira de um lago. Ao lado delas, um homem jazia morto. Ao observá-lo, Angelina soube que foi trabalho seu e, inclusive, se lembrava de como o matou. Três flechas, uma em cada pulmão, a terceira no coração. Ela demorou para lançar as flechas uma após a outra, foi uma morte agonizante. Aquele homem perdeu seu fôlego e, depois, sentiu sua vida indo embora aos poucos. A mulher azul estava olhando para o corpo, mas então olhou para a Angelina. - Porque fez isso? Sei que era para mim morrer. Estava conformada que não conseguiria escapar dele. - Angelina olhou com desgosto para o morto. - Ele não merecia. Eu vou me virar, não é um problema. - Na verdade, era sim. Matar o contratante ao invés do alvo? Problemão. Porém, ela não estava nem um pouco arrependida do que fez.  - Serei eternamente grata. Agora estou livre. - Disse a mulher azul, dando um sorriso. Angelina também sorriu. Angelina conhecia aquela mulher azul. Makani. Por algum motivo, lembrou-se do nome dela. Tinha certeza de que este era o nome… E ficou triste em ver que Makani estava morta, embora não soubesse exatamente por que.

Angelina terminou de abrir a porta e encontrou o restante do cenário. Era uma vez uma cama, as partes dela estavam espalhadas pelo cômodo. Mas, em meio a isto, lá estava ele. Finalmente. Segurando o tripé de soro prestes a arremessá-lo contra a parede, Owen estava tão descontrolado que ainda não tinha reparado que Angelina tinha aberto a porta e estava ali. Em defesa dele, ela foi cuidadosa para não chamar atenção. - Owen… - Ela chamou, dando passos para frente, entrando no quarto e deixando a porta de ferro fechar atrás de si pela sua própria inércia, mas quando ele se virou e olhou para ela, ela parou de andar, travou como se fosse uma estátua. O olhar dele estava… Bem assassino. Meu homem. Ela pensou involuntariamente. Ele é tão bonito quando fica com raiva. Porém, ela não podia negar que ele parecia estar com mais raiva que o normal, o que a fez dar um passo para trás. - Você está bem? - Angelina perguntou, mas seu olhar acabou indo para Makani. As peças sobre aquilo se juntaram em sua mente. - Foi… Você quem fez isso com ela? - Havia mais curiosidade do que repreensão em sua voz. Toda aquela situação continuava sendo um mistério para ela. - Só… Se acalme. - Ela pediu olhando fixamente nos olhos dele, como se faz quando se encontra com um animal selvagem perigoso. - Pode soltar este tripé… Sem arremesar. - Pois é, ele ainda estava segurando o tripé. Sua voz, agora, ficou um pouco mais mandona, embora ainda estivesse branda como um pedido. Então, Angelina ficou ali, esperando. Havia ânsia em seu corpo, era visível, ela não parava de mexer os dedos, sua postura estava com o joelho inclinado para frente. Ela queria chegar logo perto dele, tocar seu corpo, abraçá-lo, beijá-lo. Seu coração batia por isso, ansioso. Não importava onde estava e qual era a situação, o importante é que ele estava com ela, eles não tinham sido separados. O olhar dela se tornou mais desejoso, ela inclinou levemente a cabeça. Mal piscava. Suas intenções estavam claras.
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Re: Prospect Park

Mensagem por Owen Ziani Montecchio Dom maio 28, 2023 3:26 am

The awakening in an unknown world
Angelina Schuyler | Nova York, Prospect Park

Meus olhos se abriram. Que lugar era aquele? Aonde eu estava? Por que eu estava deitado numa cama? Por que havia uma sonda no meu braço? A primeira coisa que eu fiz foi tirar aquilo e me sentar. Pela primeira vez, parecia um sonho lúcido. Eu me sentia vivo, tinha domínio dos meus pensamentos e dos meus movimentos. Era algo estranho. Eu sentia a superfície da cama e tudo ao meu redor fazia sentido, embora eu desconhecesse o local. Foi a partir daí que eu resolvi entendê-lo. A iluminação era bem fraca, tendo em vista que a luz do dia passava pelo vidro de uma pequena janela e as lâmpadas elétricas estavam apagadas. Olhando para o lado de fora, percebia o tempo nublado e quase chuvoso. Eu estava dentro de um quarto, onde o teto e as paredes eram cobertos por pedras. Parecia o subterrâneo de alguma casa. Eu estava na sede dos mercenários outra vez? A ilha de Hydra havia sido um delírio meu? - Angelina – sussurrei. Era óbvio que ela havia feito o possível e o impossível para que retornássemos. Mas meus olhos automaticamente rumaram para a bolsa de soro ao lado da cama e eu duvidei se a mulher realmente tinha tido a coragem de me sedar daquela forma. Será que algo havia acontecido e eu não me lembrava? E as noites de lua cheia? Eu estava assustado, mesmo que a raiva estivesse ali bem presente dentro de mim. Sinceramente, eu queria respostas e por isso, eu estava conseguindo me controlar. Tudo ainda parecia muito incerto para eu começar a explodir. Sendo assim, eu me levantei e notei as minhas vestes confortáveis. Descalço, eu senti o chão gelado. Foi nesse momento, que eu ouvi um som e eu levantei o rosto para me deparar com uma pessoa... ou era o que parecia - Quem é você? – finalmente o ódio se mostrou, como se estivesse exalando dos meus poros. A mulher continuou me encarando, ela estava com medo, estupefata por estar me vendo de pé. Sua pele possuía uma coloração diferente. Logo, o silêncio dominou o quarto e eu acabei chutando a mesa de cabeceira inesperadamente. Aquilo tinha sido uma atitude para extravasar a ira, mas também serviu como ameaça. A criatura deu um pequeno salto assustada e enfim adentrou o quarto, uma vez que ela se encontrava no batente da porta até então. Angelina havia mudado a estética do subsolo da sede?

A mulher segurava uma bolsa cheia de soro, mas logo a soltou sobre a cama com delicadeza. O silêncio ainda estava ali. Meus olhos a seguiam a todo instante, até que ela finalmente se virou para mim e desatou a falar. Eu a senti ter um pouco de cautela com as palavras, seu discurso se iniciou meio lento. Eu franzi a testa, suspeitando de algo, mas continuei calado. Eu havia estado desacordado por muito tempo. Meses. O que? Toda a minha vida havia sido uma espécie de alucinação, parte de uma história fictícia. O que? Angelina tinha estado no mesmo processo, porém se encontrava no quarto ao lado - Eu conheço muito bem a chefe dos mercenários – esbocei um sorriso irônico, sabendo perfeitamente que aquilo tudo era um teste - Ela está me testando, não é? – revirei os olhos ao suspirar profundamente. Angelina não sabia o significado da palavra “limite” - Eu ainda vou matar essa mulher – sussurrei, mas a criatura estranha a minha frente se calou e continuou a me fitar, ainda aparentando estar com medo e na expectativa de alguma coisa. Havia algo esquisito nela - O que você é? – eu até que estava sendo bem paciente, considerando que eu tinha certeza que aquela mulher de pele colorida era cúmplice de Angelina. Devido à demora da resposta, eu olhei para o lado involuntariamente, encontrando uma das minhas facas preferidas da minha coleção. Foi quando eu a ouvi dizer que era uma náiade. De fato, Hogwarts não estava ensinando sobre todos os tipos de criatura existentes do mundo bruxo. Eu ainda não tinha me voltado para ela, minha atenção seguia cravada na arma. Com os braços cruzados, um pensamento aleatório surgiu. Como minha faca estava ali? Eu não costumava usar aquela com frequência. Para falar a verdade, aquela em específico, mal saía da minha caixa. Eu odiava usar as mais raras para fazer algum serviço. No entanto, antes que eu pudesse sequer cogitar na ideia de que a minha mulher havia colocado o dedo na minha coleção, a náiade tocou no nome dela. Angelina havia sido abusada por Poseidon e era basicamente esse o motivo de termos estado desacordados durante todo esse tempo. Eu nem me movi, apenas deixei meus olhos fazerem esse trabalho e de forma bastante ameaçadora. A criatura se tensionou com meu gesto.

Ok, agora ela havia ultrapassado uma barreira. Assim que eu levantei o rosto, ela voltou a tagarelar quase que numa súplica. Era uma metralhadora de palavras. Foi difícil acompanhá-la, mas algo em especial se destacou. Poseidon havia sido mencionado pela segunda vez, contudo, ela agora me chamava de uma forma diferente. Não era o meu nome. Para ela, eu era “filho de Ares”. O que? Era um surto ou realmente, um sonho - Owen, acorda – fechei os olhos, passando a ignorar qualquer coisa que estava sendo dita - Acorda, acorda, acorda – murmurei para mim mesmo. O que se seguia parecia detalhes de um grande conto mirabolante. Era pura lorota. Poseidon havia abusado de Angelina, fazendo-a criar uma névoa como forma de proteção. O que? - Acorda – Poseidon havia abusado de Angelina, eu tinha quase morrido três vezes e ela criou uma névoa para nos proteger. O que? - Acorda! – minha voz aumentou - ACORDA! – levei as mãos à cabeça, pressionando-a com força. Era uma forma de me forçar a abrir os olhos na vida real, aonde quer que eu estivesse, mas também uma maneira de não ouvir mais toda aquela asneira - SVEGLIATI! – naturalmente, o italiano surgiu. Então, a náiade se calou. Eu a olhei. Minha respiração já estava forte o suficiente para ser ouvida até por ela. O clima pesou - Eu vou perguntar uma única vez e você não vai querer saber o que acontece se mentir para mim – cada palavra saiu vagarosa e de forma incrivelmente paciente - O que a Angelina fez dessa vez? – ela hesitou. Uma tensão cresceu naquele cômodo. Eu a vi engolir, seus ombros encolherem, seus olhos aumentarem de medo e assim que ela abriu os lábios, eu ouvi sua resposta. Poseidon havia abusado de Angelina, eu tinha quase morrido três vezes por desafiar o deus dos mares e ela criou uma névoa para nos proteger. Eu fui colocado para dormir e viver uma nova realidade, onde, na concepção da minha mulher, estaríamos seguros de qualquer perigo. Um novo silêncio se fez após sua fala. Eu persisti a encarando até me virar abruptamente para buscar a faca na mesa ao meu lado e lançá-la na sua direção.

Eu vi a criatura numa postura rígida, enquanto sangue começava a escorrer pela sua testa, exatamente da região onde minha arma havia a acertado. Sem vida, ela escorregou pela parede até cair sentada. Eu a encarei por alguns segundos, embora minha mente estivesse trabalhando para absorver todas aquelas informações tão... ensandecidas. Eu queria gritar, mas ao invés disso, eu apenas me virei para segurar a mesa de cabeceira e jogá-la de qualquer jeito em um dos cantos do quarto. Pronto, foi a válvula acionada para eu enfim explodir de ódio. Com um grito absurdamente grave e alto, eu comecei a quebrar todo tipo de objeto que existia ali. Confesso que até tinha passado pela minha cabeça a possibilidade de despertar o lobisomem dentro de mim, apesar de não saber se aquela noite teria lua cheia. Eu vociferei, continuando com o que seria um tremendo estrago, quebrando inclusive a cama. Eu sentia meu sangue subir, minhas veias saltarem e meus olhos arderem. Eu havia vivido uma mentira? Será que esse tempo todo a náiade tinha me contado a verdade? Não nego que ainda me passava pela cabeça a possibilidade de estar na sede dos mercenários. Quando eu parei para respirar, foi quando eu reparei em tudo que havia feito. Era um quarto arruinado, mesmo que não tivesse muita mobília. A janela também tinha sido danificada. Pedaços de vidro e madeira cobriam todo o chão. A única coisa que havia sobrado em pé era o tripé do soro, mas assim que eu o tirei do chão, ouvi uma voz conhecida. Era ela. Era Angelina. Eu demorei para me virar. Algo me dizia para eu não agir. Eu me senti confuso. Era como se eu quisesse esganá-la, sabendo que ela havia planejado algo para me deixar preso naquele quarto. Ao mesmo tempo, eu tinha receio do que eu poderia realmente sentir assim que a olhasse, porque lá no fundo, eu duvidava se iria sentir raiva. Às vezes, eu acreditava que Angelina era muito mais imprevisível, justamente porque apesar de eu saber das atitudes de teimosia, o que ela poderia fazer nunca era algo padrão. Meus ataques de fúria eram o que eram, não havia muito o que pensar sobre.

Eu finalmente me virei, mas não mudando a expressão. Eu ainda continuava com o olhar assassino, mas interiormente, eu não tinha muita certeza do que estava sentindo. Eu preferia esconder com os sentimentos de raiva, a sensação de vê-la. A adrenalina estava sendo minha melhor amiga no momento. No entanto, mesmo sendo dominado por ela, eu reparei no vermelho em seus cabelos. Angelina sempre vivia mudando, mas aquela cor era novidade. Ela estava completamente diferente do que eu estava acostumado. Era como ver uma outra pessoa na minha frente, ainda que eu sentisse que era realmente ela. Assim, uma tensão se criou ali, mas era bem distinta da anterior de quando a náiade ainda estava viva. Todas as vezes que aquele clima se instalava entre mim e Angelina, sempre tendia a ser algo perigoso. Nós dois nos conhecíamos e sabíamos perfeitamente o que poderia vir a acontecer, mas daquela vez, a coisa era diferente. Eu a percebi recuar, ela pareceu com medo ao me constatar. Éramos as mesmas pessoas, mas estranhamente, não éramos os mesmos. Eu a ouvi me perguntar se eu estava bem, mas seu olhar se desviou para a criatura morta no chão. Angelina estava com a voz fraca, especialmente quando sua ficha caiu sobre eu ter sido o assassino da náiade. Ela obviamente já esperava isso, tanto que seu tom de voz não foi de indignação. Então, seus olhos voltaram para mim, enquanto ela pedia para que eu me acalmasse. Eu senti vontade de rir, mas era impossível. Eu estava petrificado, impotente de relaxar ou fazer qualquer coisa. Meu peito subia e descia e eu continuava com a atenção cravada nela. Meu corpo estava preso. O jeito que ela tentava me tranquilizar só mostrava o quão assustada ela estava, mas do seu jeito. Ali, eu vi o quão Angelina poderia sentir medo de mim. Meus dedos ainda estavam pressionados ao redor do tripé, minha mão vermelha pela força que eu exercia e até suada. Seu desejo era que eu soltasse o objeto, mas sem arremessá-lo. Seu corpo estava rígido e suas pernas inclinadas só mostravam que ela se encontrava preparada para se defender caso fosse preciso.

Eu fui me acalmando fisicamente, mas ainda sentia meu interior arder em chamas. Bem lentamente, meus dedos se desgrudaram do tripé, o que foi o suficiente para ela também começar a baixar a guarda. Foi nesse momento que eu a surpreendi ao jogar o objeto bem na sua direção, embora estivesse mirando na parede atrás dela. Angelina se agachou automaticamente, mas assim que eu a vi querer se aproximar, eu a impedi - NÃO... – fiz uma pausa, esperando que ela não se atrevesse a avançar - ... se aproxima – minha voz saiu um pouco mais amena, entretanto, nem por isso eu transpareci calma no semblante - De todas as vezes que eu disse que você estava brincando com fogo... – ela parecia bem atenta - De todas as vezes que eu disse para não se meter comigo... – o contato visual era intenso e apesar de eu notar o seu olhar mais vulnerável, eu sustentava o meu ainda hostil - Dessa vez, você conseguiu ultrapassar as barreiras mais inimagináveis. Angelina, eu quero te matar. Eu quero te jogar dentro de uma fogueira e te ver queimar até você virar eu cuspi a última palavra com desprezo - Quem infernos é Poseidon? – eu senti que ela iria dar um passo para frente, talvez inconscientemente e, com isso, eu apenas arqueei as sobrancelhas em ameaça. Estávamos consideravelmente distantes um do outro e o silêncio pesava quando ninguém dizia nada - Eu te juro, Angelina, não fode comigo – eu me lembrava de amá-la, mas naquele momento, eu senti como se todo e qualquer sentimento positivo tivesse se esvaído. Se eu havia vivido uma farsa, então meus sentimentos também eram falsos - Eu não sei o que você fez comigo dessa vez, mas criar uma história? Me dopar e prender nesse quarto? Ir contra a minha vontade? – dessa vez, eu mesmo me senti vacilar por uma fração de segundos, mas logo me recompus - Tudo o que a gente viveu foi uma mentira, é isso? Você viveu uma fantasia? Me raptou para ser o príncipe encantado do seu conto de fadas perturbado?!

Aos poucos, eu acreditei ver Angelina começar a se desmanchar de alguma maneira. Pela primeira vez, eu não conseguia ver a situação por outro ângulo, eu não conseguia me permitir deixá-la explicar. Eu a conhecia, eu sabia como ela lidava com as coisas ao seu redor, então eu tinha motivos o bastante para não me deixar levar - Você é tão cheia de si, tão líder... – enfatizei com ironia aquela palavra, porque por mais que fosse fato, era como se ela se aproveitasse da sua posição - Que você acha que pode fazer o que bem entender com quem quer. É por isso que ninguém nessa organização gosta de você. Você é mimada – eu a sentia numa batalha entre assimilar minhas palavras e tentar rebater - No fundo, você deveria era agradecer por eu ter ficado com você esse tempo todo – eu ainda não sabia identificar se o que havia sido me dito era real ou não. O que mais me fazia considerar aquela possibilidade era a própria criatura morta na minha frente. Uma náiade? O que era aquilo? Em quase cinquenta anos de vida, eu nunca havia visto algo tão exótico. Será que eu realmente estava num mundo onde não era o meu? Será que eu realmente havia vivido uma grande mentira no universo fantasioso de Angelina? Eu era uma peça no jogo dela? - Quem infernos é Poseidon? – não soube dizer se ela ia responder ou se estava pensando, mas o tempo que levou me fez finalmente agir. Eu me dirigi até a náiade, tirando a faca do topo de sua cabeça com ódio. Sem nem pensar duas vezes, eu joguei a arma em Angelina, tirando sangue de seu rosto, uma vez que ela havia conseguido se desviar ligeira. Sim, pela primeira vez eu tentei atacá-la de verdade. Pela primeira vez, ela sentiu que eu não tinha apenas ameaçado e mirado num ponto qualquer ao seu lado. Ela havia tido sorte de ter se salvado a tempo, seus reflexos ainda pareciam bons. No entanto, aquilo não me fez parar e eu avancei em sua direção, enforcando-a ao colocá-la contra a parede de pedras. Nos meus olhos, não existia mais sentimento. Não existia nada que ela pudesse enxergar para conseguir me salvar. Eu via Angelina como mais uma pessoa qualquer. Ela tinha conseguido o pior - Quem é Poseidon, Angelina? – sussurrei, forçando cada vez mais meus dedos ao redor de seu pescoço.
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Re: Prospect Park

Mensagem por Angelina Schuyler Ter Ago 01, 2023 3:04 am

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S01P02
É claro que Owen arremessou o tripé. Ele até tentou enganá-la primeiro, Angelina acreditou que ele soltaria o tripé e ficaria mais calmo, mas ao invés disso ele arremessou aquele negócio na direção dela, o que a obrigou a agachar-se rapidamente. Ele não está calmo. Ela pensou o óbvio. Porém, apesar de haver uma certa cautela em seu corpo, ela não estava com real medo ainda. Já tinha visto Owen com seus ataques de fúria, igual ele também já teve que lidar com os dela. Angelina se levantou e deu um passo para se aproximar, mas travou-se novamente ao ver que ele disse um “não” bem alto e claro. O “não” já tinha sido o bastante para ela entender, mesmo assim, ele ainda quis completar que ela não deveria se aproximar. Tudo bem, por enquanto ela poderia segurar a sua vontade… Por enquanto. Intrigada com tudo aquilo, Angelina passou a escutá-lo. O que ela ganhou? Uma série de ameaças das quais ela pouco entendeu porque estavam sendo proferidas. Owen dizia que ela tinha passado dos limites, ultrapassado as “barreiras mais inimagináveis”, e que por isso ele queria matá-la. Melhor, queria jogá-la dentro de uma fogueira e vê-la queimar até virar pó. Ela deu um passo para trás e encolheu o seu corpo, abraçando a si própria como se quisesse se proteger. Ele já tinha queimado ela antes, mas nunca foi tão hostil em uma ameaça. Ela entendeu a verdadeira seriedade daquilo, mas não tinha feito nada para merecer tanta raiva! A próxima pergunta dele deixou as coisas ainda mais confusas, Owen queria saber quem era Poseidon. Deus dos mares. Angelina respondeu automaticamente em sua mente, mas não quis falar nada, porque de que isso serviria? Nada. O que mitologia grega tinha a ver com a situação? Se já não bastasse toda a confusão, ela ficou pior. Owen dizia que ela tinha criado uma história, o dopado, tinha o prendido naquele lugar. Mas eu também acordei aqui dopada e presa nesse lugar. Ela pensou, mas não falou porque começou a sentir dor de cabeça, e quanto mais ele falava sobre aquilo, mais a sua dor de cabeça aumentava e ela começava a ver imagens estranhas em sua cabeça. - Me desculpe por isso. - Ela dizia para um Owen desacordado deitado em uma maca. Acariciava o seu rosto e puxava o seus cabelos para trás como gostava de fazer, mas ele continuava dormindo profundamente. - Mas eu não sei mais como proteger você. - Por mais que ela estivesse pedindo desculpas, sabia que não seria desculpada se desse errado. O que era aquilo? Ela não se lembrava de ter vivido aquilo, mas sabia que era uma memória. Ela tinha vivido aquilo, mas não sabia em que parte de sua vida.

Angelina ainda não estava entendendo nada, mas Owen continuou com sua hostilidade. Ele a chamou de cheia de si e líder de formas pejorativas, além de falar que ela achava que poderia fazer tudo o que quisesse com quem quisesse e por conta disso era mimada e ninguém verdadeiramente gostava dela na organização dos mercenários. Porque tudo isso? Ela se perguntava, sua cabeça não parando de doer. Porém, aquela dor parou para ser substituída por uma outra dor, uma dor do coração. O semblante de Angelina mudou, suas sobrancelhas baixaram à medida que a sua testa ficava enrugada e os seus olhos começavam a ficar molhados. Porque ele diria algo tão cruel? Que ela deveria agradecer por ele ter ficado com ela durante todo esse tempo? Como se ela fosse… Alguém ruim? Como se ele não gostasse de ter estado com ela por aqueles anos? Como se… Não tivesse significado nada. Angelina ficou olhando fixamente para Owen, não entendendo aquilo e também ficando magoada. Quando ele perguntou outra vez quem era Poseidon, ela se manteve no mesmo lugar, ainda assimilando a crueldade daquelas palavras… E quem sabe foi isso que salvou a sua vida, pois o seu fixo olhar a fez perceber o momento em que Owen correu para pegar a sua faca e atirar na direção dela. Ele foi rápido e tudo aconteceu em segundos. Num instante, a faca estava vindo em sua direção, no outro instante, ela estava cravada na parede oposta e Angelina sentia uma sensação de ardência em sua bochecha. Logo, ela sentiu um filete de sangue escorrer e percebeu que se tratava de um corte. Aquela faca iria tê-la acertado se ela não tivesse desviado. Teria a acertado bem no meio de seu rosto, de uma forma mortal. A água em seus olhos aumentou. Ela nunca tinha visto Owen daquele jeito. Certamente houveram muitas tentativas de morte… Mas nenhuma era séria. Nenhuma era para valer… Mas aquela havia sido. Como ele podia? Era tão rápido se livrar dela? Atônita, o reflexo de Angelina para desviar da faca não foi o mesmo para evitar a mão de Owen que veio até o seu pescoço para enforcá-la. Ela foi arrastada para trás até suas costas baterem contra a parede. Ela olhava para ele e só enxergava ódio em seus olhos. Ela ainda não entendia aquilo. O que ela tinha feito que era tão grave? O que ela tinha feito que ela merecia morrer por isso? E porque raios Poseidon era tão importante a ponto de Owen continuar perguntando sobre ele enquanto a sufocava contra a parede? Ele apertava o pescoço dela cada vez mais, ela sequer conseguiria dar uma resposta, mal estava conseguindo puxar o ar. Porque Poseidon era importante? A pergunta ainda seguia martelando em sua cabeça, como se ela fosse a chave, e as dores de cabeça voltaram com tudo a ponto dela fechar os seus olhos com força.

Angelina se viu presa na parede, mas outro homem a prendia e de outra forma. Ele segurava ela pelos pulsos, a prensava contra a parede enquanto ela tentava se desvencilhar, mas ele era forte demais, ele era um deus, se ele quisesse poderia fazer ela ficar imóvel. Ela não tinha chance alguma de conseguir livrar-se daquela situação. Ela pensou em usar viagem das sombras, mas Poseidon não era burro. Ele a colocou a favor da luz, não haviam sombras por perto que ela poderia utilizar como fuga. Ele aproximou o rosto do pescoço dela e por reflexo ela colocou a cabeça para o lado. Inocente erro, isso abriu caminho para o pescoço dela e ele beijou-a ali de forma demorada. - Eu não quero. - Ela disse com firmeza. Não conseguia ter medo daquele deus, apesar da situação. Água… Ela sempre gostava de água… E Poseidon era o representante da água. Ainda assim, ela se sentia suja com aquele beijo. Sentia nojo daquele momento. Ela só queria se livrar dele, daquele homem com pinta de surfista e pele bronzeada. Poseidon parou de beijá-la, mas seu rosto ainda estava perto do rosto dela, de seu ouvido. - Ssshhh Angelina. - Ele disse e ela se arrepiou contra a sua vontade. - Me deixe ir embora. Eu não quero nada com você. Eu nunca quis. - O quarto onde ela estava a deixou um pouco claustrofóbica. Era um quarto à beira mar, luxuoso, digno de um cara rico, digno de Poseidon. Para Angelina, naquele momento, aquele quarto não passava de uma prisão. Poseidon deu uma risadinha e ela irritou-se ao se arrepiar outra vez contra a sua vontade. - Oh Angelina. Calma. - Poseidon afastou o rosto dela, o que a permitiu voltar com sua postura. Os dois estavam se olhando frontalmente. - Eu abençoo você… - Ele disse, se aproximando cada vez mais. - A gostar de cada segundo que você passar comigo aqui hoje. - E após isso, ele a beijou. Angelina pensou em desviar o seu rosto, em negar o beijo dele, mas pegou o seu corpo correspondendo, seus lábios seguindo os dele, as línguas se entrelaçando, seu corpo relaxando. Eu não quero. Ela pensou, mas o seu corpo fazia outra coisa, e ela sentia todo o prazer, mesmo não querendo isso. - Isso Angelina. Você é minha por hoje, você vai sentir muito prazer comigo. Você vai gostar. - Ele girou o corpo dela e a lançou contra a cama. Ela percebeu que poderia fugir. Poderia correr para a porta, poderia começar a gritar, fazer um escândalo, qualquer coisa… Mas não fazia nada. Ao invés disso, ela ajeitou-se na cama, deitando de barriga pra cima. Ela estava té abrindo as pernas! Eu não quero isso. Ela pensou outra vez enquanto Poseidon se despia. Eu não quero isso. Ele se aproximou. Ela não fazia nada para evitar, mesmo querendo evitar. Olhando naqueles profundos olhos azuis da cor do oceano, Angelina percebeu que não mais estava presa naquele quarto, mas presa ao seu próprio corpo, abençoada a ter prazer com aquele momento... Amaldiçoada a não ter escolha da sua primeira vez.

Quando abriu os olhos, Angelina viu Owen outra vez. Ela ainda estava sufocando. A lembrança a fez ter forças. Relembrar o quanto ela queria que seu corpo a obedecesse naquele dia fez com que Angelina quisesse que, naquele momento, o seu corpo a obedecesse com Owen. Ela fechou sua mão em um punho e usou todas as suas energias sobressalentes para socar a cara dele, o desestabilizando. Só aquilo não seria o suficiente, até porque, não era de seu costume usar o poder físico, ela não era tão forte. Foi por conta disso que, logo em seguida, engatou um chute no estômago dele, que finalmente o afastou. Muitos lutadores dizem que é mais fácil um golpe na cara do que um golpe no estômago. Ao ver-se solta, o corpo dela caiu de joelhos no chão. Angelina arfou fortemente, buscando o ar. Quantos estrangulamentos ela já tinha passado? Vários, mas aquele foi o pior. O ódio nos olhos dele era uma imagem que ela não esqueceria fácil… Uma imagem que a deixava triste. As lágrimas saíram de seus olhos. Sua cabeça doeu. Flashes de memórias passaram, memórias onde ela pensava em usar a névoa para criar um mundo falso. Memórias onde ela pedia a ajuda de Makani para cuidar de seu corpo. Memórias de quando Owen quase morreu. Tantas memórias! Mas eram memórias que, aos poucos, fizeram tudo aquilo fazer sentido. Ela passou a entender o ódio dele, embora ainda estivesse profundamente magoada. Ela passou a entender toda a situação e onde estava. Então, ela finalmente soube o que fez. Lembrou-se do que fez. Lembrou-se porque fez… E não, ela não se arrependia do que fez. Owen estava se recuperando e possivelmente avançaria contra ela novamente querendo ainda saber quem era Poseidon, mas ela o parou apenas com a sua voz. - VOCÊ QUER SABER QUEM É POSEIDON?! - Ela gritou. Muitas vezes Angelina gritou com Owen, mas aquele grito foi diferente. Naquele grito, tinha autoridade, controle… Algo que ele não via dela há muito tempo. Há muito tempo, Angelina tinha se doado para ele, se entregado, se rendido ao seu controle… Mas agora ela mostrava sua outra face novamente. Aquela era a líder… E uma líder com mágoa no coração. - Ele é o deus dos mares. - Ela falou, se levantando. - E ele mandou matarem você na minha frente. E você levou uma facada na minha frente. - Angelina falava como se tivesse contando uma história. Ela claramente estava reprimindo tudo o que sentia sobre isso, todo o desespero que seria para ela perder Owen, porque naquele momento ela não queria externalizar seus sentimentos. Ela só queria manter o controle. - E eu levei você para o hospital. Gritei para te salvarem. E enquanto eu esperava, eu senti a sua alma partindo. Mas você sobreviveu. - Ela dizia sem conter as lágrimas que escorriam em seus olhos, ali estavam seus sentimentos, mas somente ali seriam mostrados. - Como você queria que eu lutasse com um deus? - Ela andou em frente, se aproximando dele de cabeça erguida. - Então eu fiz o que eu fiz. Eu encantei esse lugar para ser oculto aos deuses. Eu pus você para dormir. Te dopei e te prendi nesse quarto indo contra a sua vontade. - Ela cuspiu as palavras dele. - Porque ele ia matar você. Essa foi a única forma que eu achei de proteger você. - Ela parou de frente a ele, olhando em seus olhos, próxima até demais do homem que tinha acabado de tentar matá-la duas vezes a pouco.
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Re: Prospect Park

Mensagem por Owen Ziani Montecchio Seg Ago 07, 2023 9:59 pm

The awakening in an unknown world
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Eu vi Angelina fechar os olhos, sentindo cada vez mais o sufocamento e até se levando por isso. Ela estava incapacitada, lutando para sobreviver, mas era como se seu corpo não a obedecesse ou ela mesma não quisesse. Ela estava se rendendo? Eu continuei com sangue no olhar, esganando-a e me deixando ser consumido pela raiva. Eu não tinha outra opção, me conhecia o bastante para saber que eu tinha meus distúrbios e um vício doentio por violência. Acontece que embora eu também me lembrasse das vezes que me controlei para não a matar, agora, a história era outra. Não tinha como comparar, não havia condições de ceder, era impossível encontrar motivos plausíveis para evitar aquilo. Pela primeira vez, com ela, não havia dúvidas. Não havia uma voz gritando em meu interior para que eu parasse, não havia sentimento algum. Eu estava vazio quando se tratava de Angelina. Pela primeira vez, ela era uma vítima naquele quarto. Eu então comecei a sentir a pulsação da sua carótida bem mais forte, até finalmente desacelerar com a minha mão trêmula em seu pescoço devido à tamanha força que eu impunha. Era agora. Em pouquíssimos segundos, tudo acabaria. Toda uma história, toda um tempo, toda uma mentira. Para minha surpresa, ela abriu os olhos de supetão e sem que eu esperasse, por talvez acreditar que estivesse vencendo-a, fui atingido no rosto. Eu a soltei involuntariamente, sentindo a dor do soco me afetar em delay. Eu fiquei zonzo por instantes até me voltar irado em sua direção e nem ter tempo de revidar, ganhando um chute no estômago. Eu me curvei, me afastando consideravelmente da mulher, impossibilitado de agir de imediato. A dor foi dilacerante e eu me vi sem nem conseguir soltar um gemido sequer. O ataque foi tão brutal que a reação provocada era daquelas que nenhum som escapava da garganta - Sua... vadia... – sussurrei. Foi difícil recuperar a energia para falar. Ela estava caída no chão, mas ninguém dizia nada.

Contudo, o silêncio se quebrou logo depois. Eu ouvi sua respiração começar a voltar e ela encheu o peito para gritar. Eu nem precisava olhá-la para sentir a potência da voz. Eu não estava com medo, embora soubesse que Angelina nunca tinha vociferado daquela forma. Eu, como seu subordinado no esquadrão dos mercenários, já havia presenciado o poder de sua soberania, mas não me lembrava de tanta ira de sua parte. Para ser sincero, nem quando eu sequestrei Thora, testemunhei Angelina possessa como agora. O tanto que eu já havia a questionado sobre o tal Poseidon, ela enfim parecia que me responderia. Mas foi apenas quando ela proferiu “rei dos mares”, que eu subi o rosto para encará-la. Mesmo com a testa franzida, as expressões contorcidas da dor que se esvaía lentamente, eu a ouvi. A ruiva se levantou, seus olhos arregalados, apesar do tom de voz ter diminuído. Poseidon havia mandado me matarem e com uma facada, eu fui levado ao hospital. Foi nesse momento que eu deixei uma risada curta e anasalada escapar. Eu já sabia dessa história, eu tinha memória disso. O que se seguiu foi que Angelina, nesse período, sentiu minha morte, apesar de eu ter conseguido sobreviver. Eu também me recordava disso. Não havíamos tido a oportunidade de conversar sobre esse ocorrido, até porque foi algo tão sobrenatural que era como se tratasse de um assunto proibido. Foi relatando isso, que eu senti sua voz embargada e seus olhos se encherem de lágrimas. Eu não tive coragem de demonstrar alguma reação com essas palavras, não porque eu queria esconder, mas porque a intensidade dessa lembrança também me afetava. O que ela estava sentindo ali, eu senti. Nosso contato visual foi diferente, mas assim que ela retornou ao assunto sobre Poseidon, eu desviei os olhos e me recompus com cautela. Como eu queria que ela lutasse com um deus? Angelina se aproximou de cabeça erguida e eu franzi a testa de leve, como se ela estivesse perguntando algo idiota. Seu discurso se seguiu, explicando o motivo de ter feito o que fez. Ela decidiu encantar o lugar para ser oculto aos deuses, me dopando e me prendendo contra a minha vontade, pois segundo ela, seria para minha própria proteção. Eu senti a rispidez naquelas palavras, como se ela estivesse com toda a razão. Poseidon iria me matar e ela se sentiu na obrigação de me salvar. Típico.

Eu continuei a encarando. Estávamos muito próximos, a centímetros de distância um do outro. Assim continuou por um tempo, até eu notar um traço diferente em seu rosto. Eu estava esperando que ela perdesse um pouco daquela postura de líder. Angelina não era mais chefe de nada, eu nunca tive medo dela e muito menos precisava obedecê-la. Ao mesmo tempo, eu tomei aquele tempo para refletir sobre suas explicações, mas tão logo rolei os olhos até a parede onde se encontrava minha arma e a tirei dali - O amor é uma faca. É um arma para ser usada de longe ou de perto – ergui o objeto cortante para que ela visse. Em mim, não havia nenhum sinal de raiva. Eu estava neutro, mas se ela reparasse, veria que eu também não estava fazendo questão de esconder decepção no fundo do olhar - Você pode se ver nela – fiz referência à lâmina - É lindo... – numa sequência de flashes, foi natural que as minhas lembranças mais sinceras com Angelina voltassem à tona - Até te fazer sangrar – a metáfora era clara - Mas, no final das contas, quando você a alcança... – lentamente, eu a aproximei de seu rosto, até que ela captasse a arma com os olhos. Então, eu a arremessei por sobre seu ombro, como estava acostumado a fazer - Ela não é real – concluí. O amor pode ter tanto aspectos positivos quanto negativos, assim como uma faca pode ser útil em algumas situações e perigosa em outras. O amor pode ser tanto algo distante e platônico, como uma afeição idealizada à distância, ou algo próximo e intenso, como uma paixão avassaladora. Assim como uma faca pode refletir o seu próprio rosto quando olhada, o amor pode ser uma experiência bela e gratificante. No entanto, também pode ser doloroso e causar sofrimento, como o sangramento provocado por uma facada. Porém, ao tentar alcançar o amor ou chegar a um relacionamento idealizado, a realidade nem sempre corresponde às nossas expectativas. O amor pode ser mais complexo, imperfeito e difícil do que imaginávamos inicialmente. Ele pode ser uma fonte de dor e decepção, dependendo de como é vivido e entendido.

- Você sabe o que eu quero, Angelina? – mas não a deixei responder - Você já pensou em me perguntar? – esse era o defeito dela - Se isso tudo... – rolei os olhos ao nosso redor - Se isso tudo é um mundo de deuses e mitologia é real, então eu sou alguém aqui. Se você é capaz de criar uma ilusão, eu sou capaz de criar uma também. Se você tem poderes, eu também tenho – não éramos mortais, isso era mais claro que o dia... ao menos, se eu fosse considerar o que ela dizia - Não é sobre lutar com um deus e nem sobre você. É sobre mim – parei para fitá-la com mais afinco - Para de me proteger! enfatizei aquelas palavras, sentindo meu corpo se inclinar para frente, como se fosse realmente importante para mim dizer aquilo - Eu não quero que você me proteja! Se o deus dos mares vai me matar, deixe que me mate – ali, eu sabia da possibilidade de ser contestado, mas a interrompi - A vida é minha, Angelina! A vida é minha... – houve-se uma mistura de entonações - Você não tem o direito de pegar as pessoas que você ama e fazê-las de personagens para sua história. Você não manda em ninguém, você não é líder de ninguém! – a decepção dava lugar à melancolia. Talvez fosse por isso que ela tivesse criado um mundo onde comandava pessoas e tinha funcionários. Eu fechei os olhos por um segundo, indignado e farto daquela conversa. Me afastando, eu não tive coragem de voltar a olhá-la e, mesmo não sabendo se ela me chamaria de volta ao ver que eu estava de saída, eu a cortei. Demorou para que eu me virasse, mas o fiz e encarei seus olhos uma última vez - Me deixa em paz – minha voz saiu carregada de pesar e de uma seriedade diferente, assim como a entonação que ela havia usado para gritar comigo anteriormente. Estava implícito o meu pedido honesto de que ela me deixasse. Era um adeus.
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Re: Prospect Park

Mensagem por Angelina Schuyler Seg Set 04, 2023 1:38 am

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Angelina sustentou o olhar, mesmo que um silêncio tivesse se instaurado no local logo depois dela terminar de explicar porque fez o que fez. Em algum lugar dentro de si, ela sabia que pelo menos uma parte sua deveria se arrepender do que tinha feito… Mas ela não conseguia ter essa sensação. Porque se arrependeria do que fez? Tentou salvar as pessoas que ama de um deus perigoso e dar um lugar melhor para que elas vivessem, ainda que fosse falso. Foi tão ruim assim a vida que Angelina deu para todos? O que de tão ruim ela tinha feito? Os questionamentos pipocavam em sua cabeça repetidas vezes, fazendo seu olhar mudar da antes agressividade para uma espécie de confusão e não entendimento. Foi este o momento em que Owen caminhou até a sua faca e a pegou da parede. Lá vamos nós. Ela pensou, esperando que ele fosse atacá-la novamente. Não iria deixar a sua guarda baixa perto dele, não depois do que ele tinha tentado fazer… Só de se lembrar da imagem daquela faca voando em sua direção com a clara intenção de matá-la… Era como se abrisse um rombo em seu peito. Ela confiava nele… Como poderia confiar a partir de agora? Owen começou a falar sobre o amor ser uma faca, uma arma que pode ser usada de longe e de perto. Desde quando você é filósofo? Ela pensou, mas preferiu não dizer nada, querendo ver até onde isso iria. Owen disse que era possível que Angelina se visse na faca e, olhando para a lâmina, ela enxergou parte de seu rosto, apenas os olhos e um pedaço da testa e do nariz, além de uma faixa dos cabelos ruivos ao redor. Era um pouco estranho ver o seu reflexo, mesmo que parcialmente, depois de ter acordado. Ela nunca tinha se lembrado antes de usar o cabelo ruivo. Talvez ela estivesse tentando evitá-lo propositalmente? Ela não sabia. Não sabia tantas coisas, sentia-se perdida e triste. Owen disse que a faca, e portanto o amor, segundo sua analogia, era lindo até te fazer sangrar. Como se você fosse isento de merdas. Ela conseguia pensar em uma boa gama de situações onde Owen não tinha sido exatamente o melhor parceiro de todos. Que tal queimar a sua mulher? Tudo bem, nós vamos relevar isso porque ela quis ver a extensão da maldade dele, mas tentar matá-la? Não, não tinha justificativa para aquilo. Angelina poderia ter cometido todos os crimes do universo e ainda não iria ter justificativas para aquilo… Porque ela o amava. O amava de verdade, moveria universos por ele se fosse preciso. E ele simplesmente decidiu tentar matar essa mulher que o ama tanto porque ela fez algo considerado um grande erro em sua visão. Isso dizia mais sobre o caráter dele do que o dela.

Continuando com a sua metáfora, Owen aproximou-se mais de Angelina, fazendo com que ela propositalmente olhasse a faca com mais profundidade. Ali estavam os seus olhos verdes olhando para ela de volta. Eu só queria viver o amor em paz. Foi o que ela pensou ao ver aqueles olhos. Tinha muita coisa dentro deles, como principalmente a agonia de toda aquela situação, junto de tristeza e de mágoa, que no final acabavam fazendo um conjunto de desespero de uma mulher que tentava se manter firme em meio ao caos que sua vinha tinha virado em segundos, talvez menos que segundos, porque bastou apenas um piscar de olhos. Bastou ela acordar. Bastou ela voltar para a realidade e parar de sonhar. Owen jogou a faca por cima do ombro dela. Ela levou um breve susto, ainda estava alerta com ele, mas dessa vez não havia intenção de matá-la, ele apenas quis arremessar a faca e dizer que ela não era real. O que ele queria dizer com a faca não ser real? Que o amor deles não era? Pois para Angelina era real até demais, como se fizesse parte dela agora, como se fosse um de seus órgãos. O olhar de Angelina desviou para a faca na parede, mas logo voltou-se para ele. Owen fez uma pergunta, queria saber se ela sabia o que ele queria. Mal teve tempo de pensar até escutar outra pergunta, se ela já tinha pensado em o perguntar. Aquelas perguntas, de certa forma, foram tão dolorosas quanto quase ser morta por ele, mas de uma forma diferente. Agora existia uma forte culpa a corroendo por dentro também à medida que ela pensava, que tentava se lembrar, mas não conseguia encontrar sequer um momento em que perguntou a Owen o que ele queria. E o que ele queria? Ela também não sabia. Ele era sempre uma incógnita para ela. Ela acreditava que ao menos ele queria ficar com ela, e isso lhe bastava. Porém, parando para pensar… Qual foi o momento em que eles conversaram sobre aquilo? Sempre havia problemas, coisas acontecendo na vida de mercenário ou entre eles próprios. Ela o amava tanto, mas agora sentia que o conhecia tão pouco. A culpa fez o rombo em seu peito abrir ainda mais enquanto ela sentia os olhos se encherem de água… Mas ela não queria chorar agora. Não. Ela não queria que ele a achasse dramática. Ela iria se manter firme como estava se mantendo até agora. Angelina continuou escutando-o falar que era alguém naquele universo e que aquilo era sobre ele, mas ela discordava com muita veemência que não era sobre ela também. Era um conjunto. Ele se envolver com ela, o deus tentando matá-lo, ela tentando protegê-lo do deus que tinha uma história passada com ela e não com ele. Não tinha como ela separar isso em sua cabeça, era como se ele pedisse para ela esquecer do que tinha acabado de se lembrar… Daquele dia que recebeu a pior benção possível.

As expressões de Angelina, então, ficaram indignadas quando Owen disse para que ela parasse de protegê-lo. Ela sequer escondeu o enrugar de sua testa. Isso era impossível. Ela não iria simplesmente ignorar as ameaças que o cercam, ela se preocupava com ele e isso era a coisa mais natural do universo quando se ama alguém. Logo após isso, Owen disse uma coisa ainda mais absurda: se Poseidon queria matá-lo, então que ela deixasse que isso acontecesse. - N… - Owen sequer deixou-a contestar, mas em seus pensamentos ela o respondeu apenas para satisfazer sua própria indignação com o rumo daquela conversa. Nunca. Jamais. Ele dizia que a vida era sua, enfatizava isso de formas diferentes e não perdeu a oportunidade de dizer que ela não tinha o direito de pegar as pessoas que ama para fazê-las de personagens de sua história, porque ela não mandava em ninguém, não era líder de ninguém. Autch. Uma parte dela sentiu este tapa, porque ela sabia reconhecer-se como uma pessoa controladora. No início do relacionamento deles, ela tinha o mantido praticamente em cárcere privado na sede dos mercenários, com medo de que ele fugisse, a abandonasse. Ela gostava de mandar, ela gostava do poder… E ela não gosta quando a desafiam neste sentido. Ao menos suas conquistas não deveriam ser retiradas dela, ter se tornado líder dos mercenários foi a sua conquista… O que isso tinha a ver com ele? Ela já não o tratava como líder a tanto tempo! Ela tinha se entregado para ele e é isso o que ele diz? Tão pouco ela sequer compreendia porque ele afirmava que ela queria que as pessoas fizessem parte de sua história como se fossem meras personagens que ela controla o tempo inteiro. Não! No mundo da Névoa, todos ainda tinham a liberdade de ir e vir por lá. Verdade que aquele mundo era falso, mas ele não era ilusório e muito menos controlador. Parecia que Owen não tinha entendido nada do que ela tinha feito. Ela só os colocou num lugar seguro para que nem Poseidon e nem nenhum deus os alcançasse. Para que saíssem daquele mundo verdadeiro que, se Angelina se esforçou tanto a ponto de fazer um falso, é porque realmente não estava sendo o melhor, nem sequer bom. O que ela tinha feito de tão ruim? Porque se arrependeria do que fez? Essas perguntas ainda seguiam em sua mente sem respostas.

Após isso, Owen se dirigiu até a saída… E Angelina não o atrapalhou nisso. Sim, lhe era extremamente doloroso ver seu homem querer ir embora, era a visão que ela tinha temido inúmeras vezes… Mas não, dessa vez ela não iria impedi-lo. Não era isso o que ele queria? Liberdade? Que ela não tentasse o controlar? Que ela considerasse um pouco mais o que ele queria fazer? Tudo bem, ela podia fazer isso agora. Considere um gesto de boa vontade. Ele virou-se antes de sair de vez, dizendo que queria ser deixado em paz. Isso é algo que eu não sou capaz de fazer. Mesmo que demorasse, ela seguiria os rastros dele, o acharia, o seguiria e iria continuar o observando, vendo se ele estava bem. Mesmo que fosse de longe, ela nunca deixaria de estar ao lado dele. Ela só não era capaz. Aquele homem ali, saindo pela porta, era o seu homem. Isso não iria mudar, mesmo com toda a mágoa, mesmo que aquele homem tivesse tentado matá-la. Assim que Owen se foi, Angelina continuou parada. Em pé, ela ficou no mesmo lugar. Estava atônita, provavelmente em choque. Ela estava… Sozinha. Completamente sozinha em um novo mundo. Ele tinha abandonado ela. Ele realmente fez isso. Ele conseguiu fazer isso. Se ela o fez sangrar pelo que tinha feito, ele agora a tinha feito sangrar também. Uma lágrima caiu. A primeira lágrima foi silenciosa, mas as demais Angelina já não quis manter a sua postura. Ela deixou o seu corpo cair de joelhos no chão e ali ficou, chorando. Ele não está fazendo isso por você. O pensamento passou pela sua cabeça. Ele não estava chorando por ela. No fundo, talvez sempre foi isso. Talvez ela sempre tenha se importado mais, amado mais. Ele saberia deixá-la, mas ela não saberia fazer o mesmo. Talvez fosse por isso que desde o princípio fosse tão insegura, esperando continuamente que acordaria um dia com ele tendo ido embora…. Porque sabia que ele faria isso um dia. Porque ela sabia que ele não gostava dela tanto assim. Talvez ela fosse apenas mais uma de suas aventuras e apenas isso. Nada demais… Nada… Especial… Como ele era para ela. Único, insubstituível. As lágrimas dela fluíam enquanto ela pensava em tudo isso, às vezes ela olhava ao redor e numa dessas vezes os seus olhos bateram na faca. Ele tinha deixado a arma ali. Com as forças que tinha, Angelina se levantou e pegou o objeto, olhando a lâmina. Olhos chorosos a receberam de volta. Ela guardaria aquela faca para nunca se esquecer daquele dia.
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Re: Prospect Park

Mensagem por Angelina Schuyler Qui Set 28, 2023 12:44 am

Quarto - Casa de Makani
22:42
S05P01
Deitada sobre a cama, o peito de Angelina subia e descia de forma mais acelerada. Ela estava de olhos fechados, a cabeça jogada para trás com o pescoço levemente arqueado. Um sorriso cálido, porém satisfeito, jazia em seus lábios que, contrastando com sua pele mais branca que o normal, pareciam vermelhos. Ela poderia se fantasiar de Branca de Neve um dia, se quisesse. Suas pernas e braços estavam abertos sobre a cama, ela aproveitava o relaxamento. Tinha acabado de brincar sozinha, se é que você me entende, apenas uma rapidinha durante a noite para satisfação pessoal. Fazia tempo desde que ela não fazia isso, mas ultimamente, estava tendo os seus momentos. Parte da tristeza e solidão que viveu nos últimos meses tinha amenizado, o que a permitiu conseguir relaxar, aproveitar o dia e até fazer práticas como aquela de vez em quando. Angelina permaneceu deitada até que a sua respiração voltasse ao normal, então, ela abriu os olhos e sentou-se na cama. Ela estava usando um pijama fresco, um pequeno shorts na parte de baixo e uma camiseta regata na de cima. Seus cabelos ruivos estavam um pouco bagunçados, ainda mais depois do último exercício, mas até que um pouco mais de volume podia ser um charme de vez em quando.

Após esticar os braços e pernas em forma de alongamento, Angelina se levantou da cama e foi até a única mesa do quarto, que lembrava uma mesa de estudos junto de uma cadeira. Ali, a mulher sentou-se e, de uma das gavetas embaixo da mesa, pegou um caderno bem cuidado, mas que também mostrava já ter sido bastante usado. Ela abriu o caderno e folheou os escritos até encontrar a parte em branco mais próxima. Aquele era o seu diário do momento. Foi curioso descobrir que ela os escrevia, pois de certa forma estava sempre em sua cara as pistas que denotavam que ela gostava de fazer isso. No mundo da Névoa, eles apareceram como anotações sobre toda a vida da sede dos mercenários, o que, de um modo camuflado, acabava contando a vida dela. Depois, quando acordou, ela encontrou alguns bilhetes endereçados para dela para ela própria, aos quais eram informativos para caso ela acordasse sem se lembrar de nada, por exemplo: “meu nome é Angelina”, “sou filha de Hades”, “sou vampira”, por aí vai. Procurando um pouco mais, ela finalmente encontrou seus diários antigos. Foi importante vê-los, ajudava ela a se lembrar das muitas coisas que viveu no mundo real, do seu tempo no Acampamento Meio-Sangue, das pessoas que conheceu e até dos inimigos que fez. Então, ela passou a escrever novamente. O que ela estava escrevendo no momento? A sua última semana, depois de sua ida ao Mundo Inferior com Owen. Ela não gostava de se lembrar da maioria das partes deste acontecimento. Owen era bom na tortura e, além da dor física, ele tinha falado certas coisas que machucaram. Tisífone e seu chicote flamejante, então, ela prefere sequer comentar, senão poderia começar a sentir suas costas ardendo outra vez. Ela pouco tinha voltado para aquele mundo e já teve tantas situações com fogo que chegava a ser um absurdo. Contudo, a semana que se passou depois disso foi boa. Angelina tratou de seus ferimentos e agora estava apenas com cicatrizes, ambrosia e néctar fazem mais milagres que poções de cura, acredite. Owen não estava morando com ela, mas ele vinha visitar. Se você perguntasse para ela tempos atrás, ela diria que acharia isso estranho, que não iria se acostumar com ele indo embora todas as vezes, porém, a prática, depois de tudo, revelou-se diferente. Ela se surpreendeu ao perceber que não ficava profundamente triste em vê-lo ir embora, porque sabia que ele voltaria no próximo dia. De certa forma, ela passou a ansiar por isso, como um evento, o que a deixava animada pelo dia. Os dois faziam alguma coisa juntos e ela estava feliz com isso. Era diferente perceber que os dois não estavam naquela rotina de “mercenários onde uma merda sempre acontece”, eles podiam fazer coisas normais como almoçar juntos ou assistir algum filme. É claro que Angelina, sendo Angelina, ficava flertando vez ou outra, mas ela não passou dos limites. Lá no fundo, ela não queria tentar nada. Era como se estivesse pisando em ovos, havia uma insegurança. Ainda assim, as coisas estavam melhores do que antes e ela encontrou uma certa paz naquela rotina, pelo menos por enquanto. Nas horas vagas, acabava pensando sobre Jasper e Marissa e como resolver suas questões com eles, lia mais diários para descobrir outras coisas sobre si ou saia para caçar. Além de alimentação, nada como um pouquinho de violência.

Tranquilamente, Angelina escrevia em seu diário até sentir uma sensação diferente que a fez parar, embora ainda empunhasse a caneta. Aquela sensação… De estar sendo observada. Por alguns segundos, a mulher ficou parada até largar a caneta e pegar sua faca, que ela mantinha sempre por perto. Uma semideusa e, ainda por cima, uma criminosa? Ah meu caro, sempre haveriam perigos. A mulher se levantou da cadeira e, com a faca na frente do corpo, ela olhou em volta. Não encontrou quem tinha entrado ali, mas percebeu a janela aberta. Ela tinha deixado aberta antes ou ela tinha sido aberta por fora? Agora, ela não conseguia se lembrar. - Quem está aí, apareça logo. - Angelina falou sem titubear em sua voz. Ela manteve a guarda alta, pronta para revidar algum ataque, caso fosse necessário, embora parte de si estivesse agora duvidando de sua sensação. Alguém estava ali mesmo ou ela apenas teve uma impressão errada?
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Re: Prospect Park

Mensagem por Owen Ziani Montecchio Sex Set 29, 2023 2:51 pm

Is this the beginning of a new chapter?
Uma semana tinha se passado desde meu reencontro com Angelina. Depois daquele fatídico dia em que a apunhalei numa sequência de vezes e ainda a presenciei numa forma assustadora de demônio, até que as coisas voltaram a ser como antes... embora não totalmente. Estávamos indo no nosso próprio ritmo, mas isso era mais devido a mim do que pela mulher. Por mais que eu também notasse uma certa diferença na ansiedade que ela sempre costumou transparecer, se eu cedesse demais, muito provavelmente já teríamos caído na cama mais de dez vezes. Ainda assim, era como se ela agora aceitasse melhor essa velocidade mais lenta e gradual entre nós dois. Querendo ou não, eu ainda precisava de um tempo para me recuperar. Aos poucos, eu obtinha mais e mais memórias daquela minha vida real, mas ter noção de tudo, ainda levaria um pouco mais de tempo. Além disso, eu sentia que não precisávamos ser tão afobados como antes. Confesso que isso também provocava uma certa estranheza, até porque a intensidade sempre havia sido uma característica nossa. Agora, era como se fôssemos dois adultos se conhecendo sem pressa alguma. Às vezes, eu procurava pensar dessa forma, porque não deixava de ser verdade. Não éramos completamente desconhecidos um para o outro, mas muitas vezes eu a olhava como se ainda não conseguisse ver a Angelina de sempre. Era como ter que me acostumar com uma pessoa que eu só havia conhecido nos meus sonhos. No decorrer daqueles poucos dias que sucederam minha ida ao Mundo Inferior, eu passei a visitá-la naquela casa onde eu antes havia despertado pela primeira vez. Angelina havia realmente feito daquele lugar sua residência, ao contrário de mim. Eu ainda me encontrava naquele galpão abandonado do Central Park e devo dizer, me sentia confortável dessa forma. Eu sempre tinha vivido como um nômade durante boa parte da minha vida, mas alguns dos meus pertences eram o que me faltavam. Foi em um desses dias, ao visitar Angelina, que eu acabei encontrando muito dos meus objetos dentro de um dos quartos da casa: minha maleta de maquiagem e tintas e até caixas amassadas de cigarros nos cantos de um armário. Olhando para tudo aquilo, mais me traziam memórias de uma vida falsa do que a realidade. Foi justamente por isso que eu não fiz questão de pegá-los de volta e, além do mais, a mulher estava o tempo todo comigo dentro daquela residência. Caso eu ousasse recolher tais pertences, possivelmente discutiríamos.

Mas naquele dia em especial, eu não foquei em Angelina, tendo guardado as horas do dia para pensar em Eileen. O problema era que, ainda recobrando a memória, dificilmente eu teria noção de onde ir. Com o histórico de mercenário, eu sabia o que poderia fazer, mas por onde começar? Eu nem sequer me lembrava da época de tê-la deixado, embora não tivesse sido proposital. A garota ainda era muito nova e mesmo que eu soubesse que ela fosse sagaz, ainda era incerto se ela estaria no Acampamento Meio-Sangue. Naqueles tempos, mesmo com conhecimento de quem era, seus poderes ainda nem haviam sido despertados. Me perguntava se a garota conseguiria lidar bem quando fosse chegada a sua hora. O caminho para o acampamento também me era desconhecido ainda, no que eu até cogitei perguntar alguns conhecidos que haviam se apresentado como do mesmo mundo que o meu através da névoa. Aquela mesma cafeteria de onde eu havia visto o casal de semideuses fugitivos da missão de Hades, me serviu de lazer por um bom tempo desde então. Com o passar das semanas, minha frequência se tornou alta por ali, especialmente pelo fato de que eu não recusava um café. Se quer saber, essa era até uma parte estranha da minha vida, tendo em vista que eu agora vivia como um cara normal pela cidade de Nova York... e Owen Ziani Montecchio nunca tinha sido uma pessoa normal. Contudo, foram essas frequências que haviam me ajudado no processo de encontrar Eileen. Não comentando sobre ela, os funcionários do estabelecimento, ainda assim, me informaram sobre a localização do acampamento. O problema era ir. Eu permaneci numa briga interna por um bom tempo, não sabendo se eu recorreria ao lugar, visto que parte de mim se encontrava... receosa. O que eu faria se encontrasse minha filha? O que seria certo? Além do mais, entrar naquela área seria reviver todo um passado que ainda estava enevoado - Foda-se – depois de passar o dia inteiro naquele dilema, eu ajeitei minha jaqueta de couro e saí do galpão, sendo consumido pela costumeira brisa gelada de Nova York. Eu estava bem incerto sobre o horário e, mesmo me deparando com um movimento praticamente nulo pelos arredores, só foi ver o relógio próximo do The Dakota, que eu confirmei estar saindo no início da madrugada. Eu iria até Angelina.

Chegar até ela não levava muito tempo. A casa de Makani era um pouco isolada, mas nada que fosse tão distante da parte movimentada de Nova York. Brooklyn não era meu lugar favorito, mas fazia parte da área calma e tranquila da cidade. Algumas vezes, o silêncio chegava a ser tanto durante aquele horário, que qualquer pisada em folhas secas, já denunciavam a presença de um transeunte para todos os moradores da região. Eu nem me importava tanto com isso, mas antes que eu realmente fizesse algum tipo de barulho com as minhas pisadas mais fortes, a visão das costas de Angelina me chamou atenção. Pelo vidro de uma das janelas laterais da casa, a mulher se encontrava sentada em seu quarto, provavelmente concentrada em algum livro ou algo do tipo. Assim que me aproximei com cautela, percebi sua mão em movimento, denunciando que ela escrevia alguma coisa. Dedilhando a fechadura daquela janela, a arrastei para cima, torcendo para que estivesse aberta. Para minha sorte, quando senti um certo calor vindo do lado de dentro, me esgueirei para tocar o piso do cômodo. Meus olhos ainda estavam presos na filha de Hades, porém, assim que ela parou o que estava fazendo, me apressei para sair de seu campo de visão. Seu corpo já meio virado me fez saber para onde ir. Sua voz ecoou, perguntando por alguém. Eu sabia que ela notaria uma presença ao ter escolhido adentrar o recinto daquela forma, afinal, Angelina era Angelina. No entanto, quis brincar com a mulher por alguns segundos. Calado e fazendo o mínimo de barulho possível, eu agora tinha meus olhos em suas costas novamente, mas de outro ângulo. Segurando uma faca muito conhecida, ela reparou na janela aberta, no que me deu tempo para ceder à minha curiosidade. Sobre a mesa, agora ao meu lado, eu busquei o diário aberto que ela antes anotava - Quando você vai parar de pegar o que não é seu? – recostado na parede, eu nem levantei as pálpebras para ver sua reação, tampouco quis transparecer algum sentimento com aquelas palavras. Sem muita animação e com um tom de voz neutro, eu comecei a folhear aquele diário, percebendo que ali haviam mais informações para ela mesma do que outra coisa. Angelina parecia ter feito uma coletânea de avisos para se lembrar de sua vida quando voltasse de tudo o que ela havia feito - Dizer que você fica bem com uma faca minha, não quer dizer que você deve roubá-la – me referi a um momento do passado que havia feito aquele comentário e então me atrevi a rolar os olhos rapidamente para ela, antes de voltar a ler muito por alto aquelas frases soltas - “Sou filha de Hades” – arqueei as sobrancelhas - Não podia ser diferente – uma pausa - “Sou vampira”... esqueceu de dizer que também é um demônio – esbocei uma careta pensativa - E que também é uma ladra – arregalei os olhos brevemente, antes de parar para encará-la e dar um meio-sorriso.

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Re: Prospect Park

Mensagem por Angelina Schuyler Sáb Set 30, 2023 2:58 am

Quarto - Casa de Makani
23:01
S05P02
Não foi uma impressão errada o que Angelina teve, alguém realmente estava ali, o que ela constatou quando o intruso se denunciou. Sua guarda estava alta, mas ao reconhecer a voz, ela já não mais segurava a faca com tanto afinco para atacar. Virando de costas, ela observou Owen, logo após perguntar se ela não pararia de pegar coisas que não eram dela, com o diário dela em suas mãos, o folheando de forma despretensiosa. Um frio na barriga atingiu Angelina assim que percebeu isso. Não que houvesse segredos no diário, mas haviam coisas íntimas ali. Ainda assim, ela disfarçou, tentando se manter neutra. - Vejo que você aboliu o uso da porta. - Ela falou bem humorada olhando brevemente para a janela aberta. Sabe? Ela poderia facilmente se acostumar com isso. Que mulher não sonhou um dia com o homem que gosta entrando em seu quarto na calada da noite? Só faltou Owen jogar pedras antes.

O assunto seguinte passou a ser, então, a faca que ela estava empunhando. Aquela faca tinha história. Angelina tinha a adotado de uma forma especial, sequer era a sua arma principal, mas depois de tê-la pego, não quis mais se desfazer dela. Aquela faca era uma boa memória, transmitia uma energia positiva para ela, e foi por conta disso que, ao ouvir as palavras de Owen sobre não ficar roubando facas dele só porque ele uma vez a elogiou com elas, ela retraiu o corpo como se quisesse proteger o objeto. Incrível como o ser humano pode se apegar até a coisas inanimadas, não é mesmo? Basta que tenham um significado. Ela não devolveria aquela faca. Ainda folheando o diário, Owen começou a citar um trecho, o que fez aquele frio na barriga voltar. Ele comentou sobre não poder ser diferente Angelina ser uma filha de Hades, o que ela concordava fácil também. Não que ser filho de Hades te torna um assassino, mas Angelina conseguia entender melhor agora porque agir como mercenária sempre lhe deu tanta satisfação. A morte está sempre próxima de um filho de Hades, de um jeito ou de outro, aquele era o jeito de Angelina. Posteriormente, Owen leu no diário Angelina dizendo que era uma vampira e comentou que ela esqueceu de mencionar também que era uma demônia. - Ficaria chocante demais. - Ela comentou. Já pensou você sem se recordar bem do seu passado lendo que você é um demônio? Complicado, Angelina tomaria um susto. Ao menos, ao mencionar que ela era uma vampira, gradualmente ela foi se lembrando como se tornou isso e então se lembrou de sua forma demoníaca que aparece nos momentos de raiva. Por fim, Owen comentou que ela era uma ladra também. Foi a vez dela de dar uma revirada de olhos… Quanto tempo ela já tinha roubado essa faca mesmo? Um ano, mais? E ele estava reivindicando só agora? Ele estava deveras atrasado.

- Não vou devolver ela. - Angelina falou categoricamente, olhando para a faca que ela agora posicionou um pouco à frente do corpo. Ela enxergou parte do seu reflexo na lâmina. Com a outra mão, passou um dedo sobre a região com cuidado, como se estivesse acariciando e ao mesmo tempo brincando com o objeto. - Eu gosto dela. - Um sorriso brotou em seus lábios, ela estava encarando a lâmina, se lembrando do porque decidiu guardá-la. Aquele dia tinha sido inesquecível de certa forma. Era divertido lembrar dele a carregando pela sede dos mercenários enquanto ela pensava sobre querer apagar a memória de todos os que passaram e viram a cena. Era nostálgico lembrar de como o momento a marcou como uma masoquista, ela nunca tinha o deixado fazer tantas coisas com ela antes. Era intenso lembrar de ser afogada na banheira. Era excitante lembrar do conjunto da ópera. Era fofo lembrar dele oferecendo seu sangue. Só haviam lembranças boas ali, depositadas por ela inconscientemente em um único objeto que ela passou a chamar de seu. - É especial. - Os seus olhos subiram da faca para Owen. Foi um flerte, dadas as memórias, mas também havia uma certa vivacidade naquele olhar, um brilho diferente, havia paixão ali, amor. Aquele dia não foi sua primeira vez com Owen, mas talvez tenha sido o dia em que ela decidiu que se entregaria por completo para aquele lobo mau.

- Mas você poderia me devolver isso. - A mulher falou jogando-se para frente, tentando pegar o diário, mas Owen facilmente desviou dela e ficou com o caderno. Owen já tinha ficado tempo demais com ele, Angelina não estava mais conseguindo segurar seus frios na barriga. Tinham partes sobre ele ali. Ela praticamente fez um resumo para si própria sobre a sua vida com Owen, mas sendo algo contado do seu ponto de vista, haviam coisas ali que ela nunca tinha falado para ele abertamente. Ela começou do princípio, falando sobre o sequestro e do tempo que passou junto dele para resgatar Thora. Ali estava uma menção sobre “eu, você, suas pernas abertas e minha boca”. Ela nunca tinha dito para ele que, mesmo sem querer, havia se excitado, se interessado, mesmo com eles ainda sendo inimigos. Deve ter sido a primeira vez que ela se sentiu, de fato, mais atraída a sua presença, justamente por conta de toda essa irreverência. Todos sempre abaixaram a cabeça para ela, mas ele não, ele tentou roubar seu lugar. E ele ainda a chamava de ladra, pois é. Depois, ela escreveu sobre tê-lo torturado e, no fim, o beijado. Ela mataria um traidor, mas não conseguiu matar ele. Ela já tinha sido “fisgada” desde os momentos em que passaram juntos ainda inimigos. No fundo, ela já o queria, ela só demorou para perceber. Claro que ela não deixou de mencionar que, naquele dia, falou pela primeira vez o “olha pra mim”. No diário, ela também escreveu sobre suas várias discussões, o beijo de Gaia e sobre o dia em que ela o pressionou de forma a ver a sua “fera”. Ela deixou um adendo para si mesma dizendo que amava aquela fera tanto quanto o homem que a abrigava. Haviam partes dedicadas para o quanto ela temeu que ele fosse embora e não a quisesse, que ela não fosse o suficiente para ele, que ela fosse apenas uma mulher tóxica ou a falta de possibilidade de como ele, um cara tão atraente e bem resolvido, poder se interessar por alguém como ela, uma mulher tão inexperiente, problemática e complicada e que, por conta disso, ela o mantinha na sede para não perdê-lo. Esse era o grande motivo para ela não ter se aberto completamente antes, falar que o que queria era estar com ele, viver com ele, admitir seus sentimentos, porque ele poderia simplesmente ir embora. A próxima parte era sobre a lança e sobre, como depois, resolveu que queria transar com ele pela primeira vez. Obviamente, ela mencionou a cama quebrada e como isso tinha sido “um absurdo” de forma bem humorada. Claro, ela também mencionou o evento que deu origem às memórias especiais daquela faca, mas vou poupar de citá-las novamente. Citou também sobre a vez do espaçador de pernas e colocou um adendo “foi uma ótima noite também”, fazendo referência a noite da faca. Por fim, haviam os últimos acontecimentos onde Owen havia sido sequestrado e quase morrido. Eram partes dolorosas, mas que ela não ocultaria de si mesma.

Até então, havia apenas coisas que ela escreveu sobre o seu passado, certo? Poderia dar uma certa vergonha que Owen lesse os comentários dela para certas ocasiões, mas não havia apenas isso. Tinha uma página dedicada a uma lista de coisas que queria fazer com ele. Sair para algum lugar romântico, matar alguém com ele, assisti-lo fazer isso enquanto dita comandos para que ele obedeça, as duas coisas ao mesmo, ver ele usando toda aquela maquiagem que tem guardada, saber a história de cada uma de suas facas, casar, vários desejos sexuais das quais ela nunca tinha experimentado antes, o último a ser adicionado recentemente era “construir uma família”. Também haviam partes que não passavam de imaginações que ela teve, fantasias que eram um pouco mais irreais, como não ser capaz de negar as ordens dele por algum momento, como ela se imaginava de noiva (toda tatuada como os indianos) ou os papéis se inverterem, vulgo, como seria se ela agisse como mais dominante. Será que ela sequer conseguiria dominá-lo como ele faz com ela? Essas eram as coisas que mais lhe deixariam encabulada dele ver, porque ela não sairia admitindo isso na cara dele, ela ficaria com vergonha demais. - Vai, me devolve! - Ela tentou pegar o diário de novo, tentando segurar o braço dele. De verdade, ela não estava se esforçando como poderia, estava até com a faca na mão e não estava fazendo questão de usá-la para reaver o caderno. Era mais como se fosse uma brincadeira entre os dois, embora o friozinho em sua barriga fosse muito real.
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