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Olympieion

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Olympieion

Mensagem por Oráculo de Delfos Dom Out 09, 2022 3:18 am

Olympieion
⁘ atenas ⁘
O templo de Zeus Olímpico, também conhecido como Olimpeu, é a ruína monumental de um antigo templo dedicado a Zeus em sua qualidade de rei dos deuses do Olimpo. Está localizado no centro de Atenas. Sua construção começou no século VI a.C. e só foi concluída no reinado de Adriano. Em seu apogeu foi um dos maiores e mais famosos templos gregos.

O sítio arqueológico do templo foi escavado entre 1889 e 1896 por Francis Penrose, e novamente por Gabriel Weltet (1922) e Ioannes Travlos (anos 60). Recentemente o Terceiro Eforado de Antiguidades Pré-históricas e Clássicas, órgão responsável pela administração arqueológica local, unificou a área do templo com outras ruínas localizadas nas proximidades, e hoje o sítio do Olimpeu inclui o templo de Zeus propriamente dito, o templo de Apolo Delfínio, o pequeno templo de Reia e Cronos, termas romanas, residências clássicas, uma basílica do século V e parte dos antigos muros da cidade.

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Re: Olympieion

Mensagem por Láquesis Dom maio 07, 2023 8:14 pm

Irmandade Sangrenta
“Se quiser ir rápido, vá sozinho. Se quiser ir longe, vá em grupo.” Os últimos acontecimentos entre os heróis provavam que o provérbio estava certo. Ao trabalharem em grupo, os cinco conseguiram chegar do outro lado do mundo e provaram seus valores; cada um juntando suas habilidades para enfrentar dois deuses e seus soldados.

As chamas azuis ainda se faziam presente enquanto uma poeira dourada subia aos céus no lugar onde Michael e Jason estavam. Além do crepitar das chamas, não havia mais som algum. Tudo estava em silêncio. Marisa foi atingida pelo impacto da explosão causada pela flecha de Ivanna, mas se levantou com apenas alguns arranhões e foi se juntar aos demais. Samara também não mais existia. Apenas cinco fios de cabelo foram o que sobrou da vilã e, agora, estavam nas mãos de Ivanna. Como prometido, a filha de Atena dividiu os fios de cabelo entre os outros semideuses. O silêncio da noite ao pé do Monte Licabeto estava longe de ser o fim da missão, independente do que os heróis estivessem pensando ou sentido. E Ivanna sabia disso. Ela estava prestes a dar o comando para sua corujinha, Algoz, quando foi interrompida pelo relincho de um cavalo. Ela tentou encontrar a fonte do som e acabou olhando para cima. E então viu cinco cavalos alados rodearem o céu acima dos heróis antes de finalmente pousarem. Os cavalos eram todos negros, e na cela traziam uma pequena bolsa de couro. Um dos cavalos se aproximou de Marissa e lhe deu uma espécie de “beijo” na bochecha. Ao virar o corpo, Marissa viu que aquele cavalo trazia um pedaço de papel preso no fecho da bolsinha de couro. Marissa pegou o papel e leu as palavras nele para todo o grupo:

Olá, irmãzinha

Espero que esteja tudo bem. Sei que não conversamos muito, mas tive um pesadelo alguns dias atrás em que o navio do Acampamento estava destruído e que você e o pessoal com quem saiu para uma missão estavam lutando contra monstros de filmes de terror. Eu sei que é um absurdo, mas eu não tenho controle do que a minha mente pode criar. De qualquer forma, pareceu muito real. Por isso resolvi pedir para esses cinco pégasus irem até vocês, caso precisem de uma carona. Consegui com os filhos de Hermes alguns pedacinhos de ambrosia também. Vou ter que me virar fazendo favores para eles agora, porque não tenho um dracma no bolso para pagar eles.
Enfim, espero que eu esteja apenas exagerando o que vi no sonho. De qualquer forma, esses pégasus precisavam fazer um passeio.
Traga eles e seus amigos em segurança de volta para o acampamento.

Kai Waller.


Com a ajuda de Kai, o caminho até Fobos e Deimos não poderia ter sido mais simples. Montados nos pégasus, os heróis sobrevoaram Atenas com os animais seguindo o caminho que Algoz liderava. Durante o voo, os cinco semideuses comeram os pedacinhos de ambrosia enviados por Kai e agora se sentiam um pouco mais fortes para enfrentar o que quer que estivesse no caminho. Afinal, combater dois deuses, mesmo que menores, não deveria ser uma tarefa fácil. Em pouco tempo, Algoz fez um mergulho íngreme, seguido pelos pegasus. Quanto mais se aproximavam do solo, era possível para os heróis verem que eles estavam para aterrissar próximo de uma ruína. Os pegasus tocaram o chão graciosamente, evitando fazer barulho demais. Até eles pareciam perceber que havia algo rolando ali. Os semideuses desmontaram dos cavalos e foram dar uma olhada ao redor. Mia se deparou com dois homens desmaiados próximos da ruína. Marissa achou outros dois deles mais adiante, e deduziu que fossem os guardas das ruínas. Diego foi até uma placa e viu que as ruínas eram conhecidas como Olympieion - usado nos dias de hoje como um ponto turístico, mas que no passado foi… “Um templo de Zeus”, responderam Ivanna e Ava em uníssono. Os quatro heróis rodearam o templo perguntando-se porque haviam sido levados até ali. Mia cogitou que talvez Algoz estivesse falhando. Já Ava achava que fazia sentido as armas de Zeus terem sido escondidas ali pelo filho de Hefesto, já que se tratava de um templo do dono das armas. A ordem de Ivanna foi que todos procurassem por algum tipo de mecanismo ou traço de magia que os ajudasse a chegar até os globos. Os cinco procuraram por todo o lugar, e o templo nem era tão grande assim. Até que se juntaram, frustrados, no centro do templo. “Zeus… uma ajudinha por favor?” disse um deles. E naquele momento um dos blocos no chão tremeu, fazendo os heróis se afastarem. Logo, o bloco deslizou para o lado, revelando um buraco com uma escada dourada. Eles se entreolharam e, mentalmente, chegaram à conclusão de que não tinha o que ser feito. Aquele era o único caminho. Não havia tempo para preparações.

As escadas pareciam infinitas. Sem lanternas ou alguma chama, eles precisaram descer com cuidado, o que tornou o percurso ainda mais longo. Vários minutos haviam se passado quando eles finalmente viram um ponto de luz adiante, e vozes vinham dele. Embriagados pela adrenalina da última batalha e pela ambrosia, eles seguiram o caminho da luz corajosamente. — Há! Aí estão eles — recepcionou a voz de Fobos.

— Eu disse que eles conseguiriam — Fobos disse para seu irmão, parado ao seu lado de braços cruzados. Deimos resmungou, mas ficou em silêncio enquanto os heróis absorviam os arredores. Era uma caverna enorme a se perder de vista escuridão adentro. Alguns archotes presos nas paredes iluminavam os presentes. E Fobos e Deimos não estavam sozinhos. Além das crianças ao lado de Deimos, centenas - talvez milhares - de Fobias e Temores preenchiam o local. Todos vestiam armaduras de um metal preto e estavam armados com todo o tipo de armas. — Eu disse que não ia ser simples — disse Deimos, sorrindo ao ver a expressão dos heróis. — Acho que esse é o momento em que os vilões explicam o que está acontecendo. —
— Porém, não somos vilões —
— Exatamente! O que torna vocês, nossos melhores amigos — Fobos estava bem mais animado que Deimos. O deus do terror parecia perceber que esse momento chegaria, então foi se sentar num canto com as crianças enquanto Fobos dava seu show. — Vocês devem estar pensando que nós não somos nada parecidos com vocês. E talvez estivessem certos, não fossem as muitas semelhanças. Assim como vocês, eu e meu irmão somos fantoches dos deuses. Usados quando eles bem entendem; vencendo suas batalhas; muitas vezes entregando nossas vidas para o que eles julgam ser o “bem maior”. E no final de tudo, ainda somos considerados deuses menores, ou meros semideuses que os deuses se divertem em demorar para reclamar. Vocês e os Olimpianos podem pensar o que quiserem, mas eu e Deimos somos criaturas de hábito. Nossa existência não está sob nosso controle. Nós, como vocês, nascemos sem escolhas. Se o medo e o terror existem, é porque todos vocês precisam de nós. Mas por uma cultura comum entre os humanos, nós dois somos tidos como monstros…  — Fobos fez silêncio. Olhava enojado para os heróis. — Medo e terror sempre existirão. Independente do que aconteça aqui hoje. Mas cansamos de ser usados quando bem convém aos Olimpianos. Seguiremos fazendo nossa parte, mas não da forma como eles querem. Nós queremos nosso trono. O Olimpo precisa passar por uma reorganização. E estas armas, nossas Fobias e Temores e ajuda de vocês são o que precisamos para chegar ao nosso objetivo. — Deimos se levantou — Na verdade, não precisamos de vocês. Mas Fobos acabou tomando afeição por vocês cinco. Um de vocês… — ele olhou para Diego — até demais. Só que nós já temos tudo o que precisamos para conseguir o raio e o trovão aqui. — Ele colocou as mãos nos ombros dos gêmeos. — Eles são filhos de nossa irmã, Harmonia. O sangue que corre na veia deles é o ato de pura paz que precisamos para abrir os globos. Harmonia se recusou a nos ajudar, até que encontramos dois filhos dela. Ela tentou esconder eles na ilha de Circe, mas… como Fobos disse, medo e terror são necessidades dos mortais. Aquelas feiticeiras não tiveram a menor chance contra meus Temores. Enfim… as ferramentas de Hefestos são inúteis para nós — Fobos seguia sorrindo animado. — Eu coloquei eles sob uma alucinação para que acreditem que pegar as armas é o que vai salvar o mundo. Controlar a mente de Harmonia seria impossível, mas quando estamos lidando com a parte humana de semideuses, tudo fica mais fácil.—
— Assim que eles abrirem os globos, nós seremos invencíveis. E nós sete teremos passe livre para tomar o Olimpo e determinar nosso lugar no mundo. Eu prometo que vocês terão aquilo que sempre desejaram. Mas como sei da teimosia de alguns de vocês, vou me certificar de que ficarão paradinhos. — Deimos não precisou dizer mais nada. Ao falar aquilo, algumas centenas de Fobias e Temores avançaram para os heróis. Até que pararam de supetão ao ouvirem um estrondo acima deles.

O estrondo ia aumentando cada vez mais. Em um momento, todos perceberam que ele vinha da entrada da caverna. Era um movimento perigoso, mas até os heróis deram as costas para seus inimigos para ver o que estava acontecendo. O som foi subindo mais e mais, e luzes brancas começaram a surgir da entrada. E então, raios adentraram a caverna e passaram a circular por todo o local. A luminosidade era tamanha a ponto de ser impossível ficar com os olhos abertos. Todos se abaixaram e fecharam os olhos. Os sons e lampejos duraram por um bom tempo. Gritos eram ouvidos, enquanto Fobos e Deimos rugiam. Quando o silêncio se fez presente, todos abriram os olhos. Contudo, nem todos ali tinham se abaixado ou fechado os olhos. Mia era a única de pé. Seus olhos irradiavam e o símbolo de um raio pairava sobre sua cabeça. Fobos e Deimos estavam… com medo.

Os deuses menores se levantaram, eles haviam sido atingidos por alguns raios e possuiam ferimentos de onde corria sangue dourado e partes de suas roupas estavam chamuscadas. Eles olharam ao redor e perceberam que estavam sozinhos com os heróis. Suas Fobias e Temores haviam sido dizimadas pelos raios e as crianças não estavam mais ali. Os músculos de Deimos pareciam ter uma respiração própria, enquanto Fobos estava a ponto de explodir. — Você… — Fobos olhava furioso para Mia. Começou a ir na direção dela quando foi segurado por Deimos. — Ela será minha — os deuses se entreolharam e uma conversa parecia estar sendo feita entre os dois por trocas de olhares. Fobos sorriu, mas um sorriso sinistro, diferente da animação que sentia antes. — Bom, no fim das contas, vamos sim precisar das ferramentas de Hefesto. Entregue elas e nós não precisaremos provar que somos mais poderosos que Fobias e Temores. —  


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Re: Olympieion

Mensagem por Diego S. Herrera Qui maio 11, 2023 9:55 pm

bloody brotherhood: the final act
É como diz o ditado: se beber, não voe de pégasus! Especialmente quando não se tem a mínima prática em equitação ou aviação. Tive três chances de morrer durante o voo, e todas elas foram evitadas graças ao Raio Negro — meu garanhão alado. Ainda bem que aquele pégasus tinha mais juízo do que eu, pois, com muita destreza e equilíbrio, evitou a minha queda todas as vezes em que eu insisti largar as rédeas para estender os braços e gritar: EU SOU O REI DO MUNDO!!!! Fala sério, era muito mais legal fazer daquele jeito do que na proa do Tormenta!

Eu estava me sentindo ótimo. O gosto das quesadillas de mamãe — provido pela ambrosia e acentuado pelo rum — ainda dançava na minha boca. Estava como novo em folha, até alguns cortes já tinham se fechado. Claro, foi apenas uma dose emergencial; embora me sentisse radiante, não estava inteiramente recuperado. Ainda mais para o que veio pela frente.

Eu não saberia explicar o que aconteceu nem que me fizessem um desenho. Há um segundo atrás, estávamos cercados por criaturas sombrias — temores, fobias e sabe-se lá mais o quê. Agora, éramos só nós cinco contra Fobos e Deimos. Meus olhos percorreram toda a caverna vazia, depois pousaram na garrafa de rum extragrande que eu trazia na mão.

Eu acho que finalmente atingi meu limite…? — resmunguei com uma sobrancelha erguida. Simplesmente, não dava para acreditar em tudo que tinha desenrolado diante de mim. Ali perto, Mia ainda brilhava, com correntes elétricas ainda percorrendo seu corpo e o símbolo de raio pairando sobre a sua cabeça. — Mas que timing incrível, hein! — comentei entre respirações profundas. Foi de fato uma bênção.

Mas os deuses do medo e do terror foram os únicos que não curtiram a ideia. Assim como as suas criaturas, eles também tinham sido atingidos pelos raios e estavam feridos e com as roupas chamuscadas. Aquela parte de mim foi responsável por fazer brotar um sorrisinho no canto da boca. De alguma forma, Fobos me parecia ainda mais atraente daquele jeito, mostrando mais pele. Porém, seu olhar assassino me dizia que ele não estava afim disso agora. Larguei a minha garrafa no chão e empunhei a lança. Na outra, segurei a bolinha com fios que ganhara de Hefesto.

Quando os deuses gêmeos fizeram menção de atacar Mia, lancei a bolinha sobre eles. Ela se abriu em uma rede brilhosa, que caiu em cima de Deimos e Fobos, cobrindo-os na teia.

Só tem uma coisa que eu quero que vocês provem… — falei, piscando para Fobos e soprando-lhe um beijinho.

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Re: Olympieion

Mensagem por Ivanna Klaasje Dom maio 14, 2023 3:41 am

O lugar onde todos foram parar depois da luta com os temores? O Olympieion, foi para lá que Algoz conduziu Ivanna e seus companheiros de missão. De início, parecia um simples templo de Zeus em ruínas. Porém, havia uma evidência que dizia que estavam no local certo: alguns guardas estavam ali, mas desmaiados. No fim das contas, todos procuraram alguma coisa significativa pelas ruínas, uma pista, mas nada encontraram. As coisas só mudaram de figura quando Mia pediu uma “ajudinha” para Zeus e, surpreendentemente, ela foi atendida. Em pleno Olympieion, um buraco com uma escada dourada surgiu. Aquele era o caminho, embora não fosse muito convidativo. Um mergulho na escuridão? A cara dos deuses do medo e do terror, não acha? Os cinco, então, desceram as escadas, essas que pareciam infinitas. Ivanna não conseguia parar de se perguntar quantos metros deveria ter aquele fosso, se é que já não tivesse atravessado algum tipo de barreira mágica que os levou para um lugar mitológico que já não obedecia às leis da física. Depois de vários minutos, enfim, um pouco de luz começou a surgir e, seguindo a mesma, eles chegaram até o fim daquela longa descida. O que encontraram no final dela? Fobos, Deimos e um verdadeiro exército de fobias e temores muito bem equipados, todos dentro de uma grande caverna iluminada por archotes nas paredes. Tudo bem, para mim chega. Ivanna pensou com bastante simplicidade. Veja bem, ela conhece seus limites. Enfrentar um exército de monstros do medo e do terror? Por favor, eles precisavam de reforços, isso sim. Não há nada de errado em pedir ajuda, contanto que isso seja uma boa estratégia.

O foco da mente de Ivanna passou a ser bolar alguns planos de fuga a partir de então, mas as palavras de Fobos foram uma a uma entrando em sua mente, fazendo com que ela fosse esquecendo de planejar. Quando menos percebeu, estava simpatizando com o deus do medo, com as coisas que ele dizia. Ivanna também não gostava de como os deuses a tratavam. Detestava como a sua mãe demorou para a reclamar, detestava não saber o porquê disso até hoje. Ela ganhou uma reclamação, mas não ganhou nenhuma resposta. Também não gostava de como era usada pelos deuses para as mais diversas missões onde, no fim das contas, ela só terminava fazendo coisas erradas, como quando transformou sua própria tia em um pavão porque Hera assim quis. De certa forma, Ivanna concordava com Fobos, o Olimpo precisava de uma mudança, uma reorganização, um novo jeito de pensar e agir. Ela até conseguia entender que o medo sempre iria existir e que ele era necessário. É através do medo que, muitas vezes, sobrevivemos aos perigos, porque aprendemos a evitá-los. Contudo, a simpatia que Ivanna sentia por Fobos era do mesmo tamanho da antipatia que ela sentia por Deimos. Ele era só… Um grande imbecil arrogante. Não era muito melhor que os olimpianos para falar a verdade, deveria ser considerado o deus da hipocrisia ao invés de deus do terror. Fobos dizia seus motivos, colocava suas emoções para fora, mas o que Deimos falava? Sobre como ele não precisava dos cinco que ali estavam porque tinha dois semideuses filhos de Harmonia, a deusa da paz e harmonia (nome sugestivo, não?), sob seu encalço. Os dois estavam sendo manipulados para acreditarem que, ao abrir os globos que continham as armas confiscadas, estariam salvando o mundo. Aqueles dois eram atos de paz em pessoa. Logo, se eles forem mortos, acabou-se o plano de Fobos e Deimos. Ivanna não pode evitar este pensamento lógico. E, acredite se quiser, Deimos ainda tinha a petulância de prometer o que os cinco desejavam, mas logo depois chamá-los de teimosos e atiçar as fobias e os temores contra eles. A mente de Ivanna rapidamente voltou a planejar planos de fuga. Quem sabe se eu explodir a caverna… Ela pensou. Uma de suas flechas de fogo azul daria conta disso, embora fosse um plano suicida, porque os semideuses teriam que fugir da caverna antes dela cair sobre suas cabeças. Infelizmente, ela não estava conseguindo pensar em nada melhor do que isso. Porém, algo aconteceu.

Tudo começou com estrondos, estes que foram ficando cada vez mais fortes. Aquilo parou todos os envolvidos. Os cinco semideuses estavam prestando atenção no barulho intruso bem como as fobias e temores. Até Fobos e Deimos pareciam surpresos. O som estava vindo da entrada da caverna, então Ivanna olhou para trás, vendo que, próximo a escada dourada de onde vieram, uma luz branca estava vindo, tornando-se cada vez mais forte. Então, raios começaram a surgir dali, momento em que a garota colocou as mãos na frente do rosto, fechou os olhos e se abaixou, porque raios matam. Por alguns segundos, ela teve que se contentar apenas com os barulhos de estática, gritos de fobias e temores e os murmúrios de seus colegas de missão, que também deveriam estar como ela, sem nada ver e tentando se proteger como podiam. Quando toda a algazarra silenciou, Ivanna foi abrindo os olhos aos poucos. Todo aquele mundo de fobias e temores tinha desaparecido. Outra coisa que sumiu foram os semideuses filhos de Harmonia. Fobos e Deimos estavam com suas roupas rasgadas e suas peles chamuscadas. Ivanna se perguntou o que raios tinha acontecido (raios, entendeu? ba dum tss), obtendo a resposta assim que olhou para os seus companheiros, mais precisamente para Mia. A garota estava com os olhos irradiando um brilho diferente enquanto o símbolo de um raio pairava sobre a sua cabeça. Típico. Ivanna pensou sem grandes surpresas, mas a verdade é que estava muito surpresa sim. Não é todo dia que Zeus reclama um filho daquele jeito. Aliás, não é todo dia que um deus reclama um filho de uma forma tão poderosa. Ivanna ficou com uma pontada de inveja, mas seguiu com as tradições. Héstia não podia falar as palavras, mas ela, como líder do grupo, achou que era seu dever dizer. - Deus do céu, dos raios, rei dos deuses. Salve, Mia Sparkle, filha de Zeus. - Depois de dizer isso, ela deu uma leve revirada de olhos, então voltou sua atenção para Fobos e Deimos. Os dois, agora, pareciam querer degolar Mia. Pelos deuses, quanta futilidade… Durante a missão, Mia foi tratada como qualquer outra semideusa, ai agora ela é reclamada e se torna a inimiga número um? Me poupe. Ivanna estava mesmo com inveja, mas ela jamais admitiria isso.

Depois deste “momento reclamação ao vivo”, Deimos admitiu que iria precisar das ferramentas de Hefesto para abrir os globos, não perdendo tempo para ameaçar os semideuses a entregá-las ou ele e Fobos revelariam ser bem mais poderosos do que fobias e temores. Impacientes pela falta de cooperação direta dos cinco, um deles fez menção de avançar contra Mia, momento que Diego lançou sua rede mágica na direção dos deuses, conseguindo prendê-los. Foi mais fácil do que eu pensei. Ivanna pensou, olhando para os dois deuses presos. Tudo bem, eles não ficariam ali para sempre, mas já daria tempo o suficiente para os semideuses pegarem as armas dentro dos globos e dar o fora. Ivanna, porém, não queria ser uma das pessoas quem faria isso exatamente, então, ela virou-se para Marissa. - Fique com a Algoz por enquanto, use ela para que te diga onde estão exatamente os globos. Você pode guiar Mia e Ava. - Ela disse para a sua amiga, dando a corujinha de metal nas mãos da filha de Poseidon. Mia e Ava estavam com as ferramentas que abririam os globos e, neste caso, ninguém melhor que Marissa para guiá-las. Ivanna só não queria chegar perto de armas tão poderosas. Algo a dizia que não seria uma boa ideia. Marissa, por outro lado, era de confiança. Sendo assim, ela ficou junto de Diego e os deuses presos. Porém, não somente ficou parada… Ela queria conversar com Fobos. - Gosto da sua ideia. - Ela disse, se aproximando. Seu olhar, de relance, foi para Diego. Não gostaria de ser observada por ele enquanto soltava aquelas palavras, mas não podia evitá-lo, ele não iria seguir as meninas. - Também acho que o Olimpo precisa de uma reorganização. O que os deuses mais mostram é o próprio egoísmo com suas missões, na maioria das vezes, fúteis. Alguns fazem filhos e nem sequer os reconhecem. - Ivanna lembrou-se dos amigos que fez no chalé 11 que também eram não reclamados e, mesmo depois que ela foi, ainda continuaram sendo. - Porém… - Ela disse, puxando a corda de seu arco e apontando contra Deimos. O arco ainda estava no modo onde criava flechas com ponta de chamas azuis. - Não gosto dele no comando das coisas. - Ela disse, olhando para Fobos de canto. - Enquanto você realmente deseja mudar as coisas, ele apenas deseja o poder. Você tem um argumento, mas ele é apenas soberbo. Ele se aproveita da sua impulsividade para te manipular, tanto que quando você abriu a boca para falar, ele foi se sentar num canto entediado. Aí, quando você quer atacar uma filha de Zeus, ele só se coloca na frente porque… Ele quer fazer isso? Ou ele tem um jeito melhor e te convence de que é melhor mesmo? Você só vai estar fazendo o que ele quer… Mais… Uma… Vez… - Ivanna praticamente cuspia as palavras. Realmente não gostava de Deimos. - Aposto que ele só te mantém por perto porque não consegue empunhar as duas armas sozinho. - Era um argumento factível, levando em conta que os dois levaram milênios para aprenderem a usar apenas uma das armas cada um. Imagina tentar aprender as duas ao mesmo tempo? - De que adianta reorganizar o Olimpo se isso só vai servir para ele se sentar no trono de Zeus? - Ela olhou nos olhos de Fobos. Não tinha mais medo dele, pelo contrário, conseguia se conectar com ele. O medo é natural, quantas vezes ela não o sentiu? - Você quer remodelar o Olimpo para isso? - Ela perguntou. Por mais que sim, estivesse consciente de que estava tentando manipular um deus contra o seu irmão… Havia uma parte sincera em cada palavra que Ivanna disse.
18:44 - Dia X
Monte Licabeto
S09P11
142

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Re: Olympieion

Mensagem por Ava O. Vaughn Dom maio 14, 2023 1:07 pm


Irmandade Sangrenta
parte onze: o começo do fim


L
iberdade. Era isso que Ava sentia ao sobrevoar a Grécia montada em um pégasus enviado pelo meio-irmão de Marissa. Óbvio que ainda sentia em seus ossos que a parte mais tensa de sua missão até agora iria começar. Afinal, depois de enfrentar as Fobias e Temores, criações dos deuses contra os quais lutavam, sabia que agora seriam eles próprios. Seria ela capaz de enfrentá-los? Percebeu o quão inferior era aos demais em seus poderes e isso lhe deu um senso de urgência aterrador. Precisava de mais. Treinar mais, se preparar mais, conhecer mais. Não queria ser um fardo em missões.

Ava sempre foi obstinada, nunca se preocupando muito com a forma com que faria algo, sabendo que o importante é que fosse feito e essa missão traduziu isso. Ela não sabia exatamente o como, mas seguiu lutando por si mesma e pelos companheiros.

Agora, quando a ambrosia tocava-lhe os lábios, sentia um pouco de suas forças serem retomadas e os ferimentos não incomodavam tanto — não havia tempo para se recuperar dessa vez.

Guiados por Algoz e levados pelos cavalos alados logo menos Ava e a equipe pousou em um campo onde havia apenas ruínas do que fora um templo antigo e árvores. Seus olhos esquadrinharam com atenção a construção, tentando se lembrar de algo que pudesse ajudar a reconhecer onde estavam, algo em sua mente dizia que podia ser mais simples do que parecia. Rodeou a ala leste, caminhando entre as árvores e procurando qualquer sinal de… qualquer coisa. O modo de construção era muito característico, então… “É claro.”, caminhou de volta aos companheiros a tempo de ouvir Diego ler uma inscrição. —Um templo de Zeus. — Ava sussurrou junto de Ivanna, o que fez a semideusa virar o rosto para a irmã e sorrir um pouco. Era quase como, de certa forma, dividir o mesmo cérebro — o que fazia sentido, afinal, vocês sabem, filhas de Atenas.

Ouviu a conversa entre eles atentamente, estavam confusos com o local que Algoz os havia levado. Mas, algo em Ava dizia que podia ser mais simples do que parecia. — Acredito que faça sentido estar aqui. O filho de Hefesto escondeu as armas no templo de seu dono. Isso garantiria, de certa forma, estar nos domínios do deus. — Ela disse, enquanto se aproximava da entrada do templo.

Seguindo a ordem de Ivanna, Ava seguiu para dentro do templo procurando qualquer mínimo sinal que pudesse ajudá-los a entender o que se desenrolava ali naquele local. Sabia que não seria tão simples assim. “Nada, absolutamente nada.”, ainda olhava para o teto observando a forma majestosa com que o mármore criava rebuscados perfis quando ouviu um bloco se remexer no chão e abrir um caminho. Os deuses decidiram cooperar.

Soltou um suspiro forçado entre os lábios e sem esperar seguiu o caminho junto aos demais, seu coração martelava contra suas costelas. Tocou de forma inconsciente onde guardava o pendrive fornecido por Hefesto, até agora intocado e protegido para o momento que fosse necessário.

Degrau por degrau, Ava avançou junto aos demais e arregalou seus olhos, porém sem sinal de surpresa alguma quando seus olhos se acostumaram à atmosfera e lá estavam os deuses junto a centenas e centenas de suas criaturas. “Inferno!”, praguejou mentalmente.

Retesou o corpo e sentiu as mãos formigarem, a ansiedade iminente tornando-a mais atenta. Estava aprendendo. Ouviu com extrema atenção cada palavra de Fobos e Deimos, precisou admitir que achou um tanto quanto clichê a apresentação. Sabia que estavam fazendo isso por um motivo, além de, é claro, tentarem causar medo aos semideuses. Estavam em posse dos filhos de Harmonia, já podiam ter alcançado as armas e estariam em posse das mesmas para o que bem quisessem. Ava olhou de soslaio para os companheiros que estavam tão atentos quanto ela, agora a semideusa contava quantas criaturas cada um precisaria cuidar. “É, estavam em uma enrrascada.

De repente, sentiu a atmosfera mudar. Sua pele começou a arrepiar e ouviu um creptar elétrico no ar. E, então, em um segundo tudo aconteceu. Um som estridente soou e raios tomaram o local, Ava fechou os olhos com força quando tudo se iluminou e quando abriu novamente as criaturas haviam desaparecido. Quando voltou seu olhar para Mia, sua pele ainda estava elétrica, com surpresa ouviu Ivanna declamar sobre a filha de Zeus. "O temperamento ela tem, pelo menos.", pensou dando um sorriso discreto.

Agora, eram apenas eles e Fobos e Deimos. Precisavam ser rápidos, deuses menores ou não, seus poderes eram de deuses.

Olharam-se e mesmo que não tivessem se falado tanto, a estratégia começou a se formar. Diego e Ivanna se aproximaram dos deuses, prontos para atacar, enquanto Ava olhou para Marissa e Mia, estaria em companhia das filhas de dois dos Três Grandes, precisava se esforçar para acompanhá-las.

Confiava em Ivanna e Diego e confiava em si mesma de que faria o que fosse necessário para conseguirem com sucesso chegarem as armas e, enfim, destruí-las antes que os deuses conseguissem tomá-las.

Fitou os olhos de Marissa dando um grande sorriso e assentiu, querendo lhe passar a confiança que sentia. Ava realmente confiava na filha de Poseidon e em Mia, agora reclamada filha de Zeus. — Prontas? Confiam em nós, precisamos ser rápidas. — falou rapidamente e em um fôlego.

Então, seguiram adiante, enquanto Ivanna e Diego colocavam o plano em prática.



#ehoradopau

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Re: Olympieion

Mensagem por Marissa Seymour Dom maio 14, 2023 3:46 pm

Irmandade Sangrenta - 11 - Templo de Zeus
O segredo para se tornar experiente em escalar árvores, além do óbvio, é também saber cair. A queda é sempre um risco, e se o exercício for frequente, eventualmente ela vai acontecer. O impacto da explosão da flecha de Ivanna empurrou meu corpo, desequilibrando-me, e se não fosse por meu reflexo de rapidamente segurar no primeiro tronco que minhas mãos encontraram, usando-o como apoio e não permitindo que meu corpo caísse de costas sem defesa no chão, talvez tivesse me machucado feio. Porém, consegui administrar melhor a queda e felizmente tive apenas alguns arranhões enquanto o homem da máscara pálida se desfazia em pó dourado. Lentamente e visivelmente envergonhada, fui me juntar aos outros, ofegantes com a batalha, enquanto minha respiração estava bem mais regular. É claro, eu passei a maior parte do combate escondida… Mesmo assim, ainda que não me sentisse merecedora, e sem entender bem o porquê ou para que serviria, peguei o fio de cabelo entregue a mim e aos outros por Ivanna.

Um momento de silêncio pairou entre nós. Tínhamos sobrevivido às criaturas horríveis do deus do terror, mas qual era o próximo passo? Antes que alguém tomasse uma atitude, ouvimos um relincho de cavalo. Soube que eu não o ouvira sozinha porque todos olhamos para cima quase no mesmo instante, e eu fiquei boquiaberta ao ver de fato cavalos rodearem  o céu logo acima das nossas cabeças. Um sorriso quase involuntário surgiu em meu rosto quando pousaram, e imediatamente eu me aproximei, mesmo sem saber se deveríamos. Ao mesmo tempo que eu me aproximava, um deles também veio em minha direção, e quando nos encontramos o focinho dele tocou meu rosto em um gesto claramente carinhoso. Deixei escapar um riso baixo e confortável, e o acariciei, olhando em seus olhos. Era lindo. Seus pelos eram negros, e ao me virar, reparei que na cela dele havia uma bolsinha de couro, e no fecho dela um pequeno pedaço de papel. Antes de estender a mão para pegar, eu pedi permissão ao cavalo “Posso, garoto?”. E só com a confirmação dele então peguei a bolsinha. O pedaço de papel tratava-se de uma cartinha. Uma que me fez gelar. A curiosidade tomou conta de mim, e eu queria muito saber o que estava escrito, mas como se ainda tinha tanta dificuldade para ler? Os outros olhavam para mim com expectativa, e minhas mãos começaram a tremer. Quem conseguiu me acalmar, ao menos um pouco, foi o próprio cavalo, que voltou a encostar seu focinho em mim, como se me desse forças. Com muito custo, de forma lenta, fazendo várias pausas, eu tentei ler aos demais. Conforme as palavras foram ganhando significado, eu senti meu coração ser preenchido de um sentimento bom. Kai, meu irmão, sonhou comigo e, preocupado, enviou os pégasus para nos dar uma carona e alguns pedacinhos de ambrosia. Após a leitura eu fiquei parada, estática, meio sem reação. Kai se preocupara por mim… Apesar de pouco nos falarmos ele se preocupara por mim e enviara ajuda. Foi algo totalmente inesperado. Tão diferente da hostilidade de Jasper, que me gerou estranhamento. Eu tinha irmãos bons. No final de tudo, eu tinha mesmo irmãos bons.

[...]

Sobrevoar Atenas com os pégasus foi sem dúvida uma das melhores experiências da minha vida. Uma liberdade que já fazia tempo que eu não experimentava. Sentir o vento em meu rosto e prestar atenção na paisagem enquanto eles eram guiados pelo Algoz de Ivanna me fez sorrir durante todo o caminho, e os pedaços de ambrosia enviados por Kai conseguiram diminuir, até que eu já nem sentisse mais, o ardor do corte em meu braço, feito pelo homem da máscara pálida. Também me senti mais forte, mais preparada para lidar com o que enfrentaríamos a seguir, que segundo minha intuição, não seria nada fácil.

Fomos deixados pelos pégasus perto de uma ruína. Algo nos dizia que não deveríamos fazer muito barulho, e eu me despedi de meu parceiro com mais um afago e um sorriso grato. Assim como os outros, também comecei a caminhar e dar uma olhada pelo espaço, atenta e com o corpo tenso, como se preparado para um possível ataque que pudesse chegar de surpresa. Mas o silêncio era o que imperava no local. Alguns tantos passos adiante, minha boca se abriu e minhas sobrancelhas arquearam. Havia duas pessoas estiradas no chão. Visão que certamente, algum tempo antes, me causaria arrepios, mas infelizmente eu já tinha visto coisas piores. Eram muito provavelmente os guardas das ruínas, embora ainda não soubéssemos o que a tal ruína era exatamente. Descobrimos alguns minutos depois, quando Diego encontrou uma placa que dizia um nome estranho, mas parecido com "Olimpo". Ava e Ivanna logo associaram a Zeus, então… Tratava-se de uma ruína do que antigamente fora um templo de Zeus. Uau

A grande questão era: Por que estávamos ali? Mia achou que o Algoz estivesse falhando. Ivanna pediu que continuássemos procurando por algum mecanismo, ou traços de magia que pudessem nos ajudar a descobrir onde estavam os tais globos, citados por Hefesto. Enquanto os demais discutiam e conversavam entre si, eu permaneci quieta, explorando. Existem coisas com as quais eu sei que não posso ajudar muito. Eventos históricos, conhecimentos em geral sobre os deuses e seus costumes ou as crenças antigas da Grécia ainda são coisas com as quais eu preciso me familiarizar mais. No brejo não aprendia nada sobre isso. No brejo o mais importante era aprender a lidar com a natureza ao nosso redor, pescar para vender os peixes e poder ter algo para comer, não sobrava muito tempo para livros. O único tempo que as vezes sobrava era durante a noite, mas por um longo período não tivemos sequer energia elétrica, teria que ser uma leitura à luz de velas, e o cansaço era muito grande para o grau de concentração que exigiria. Tentei fazer o que estava ao meu alcance, e procurar algo diferente. Era o máximo que podia fazer.

Quando não encontramos nada, voltamos a nos juntar com um sentimento de frustração. Somente quando Mia pediu uma ajudinha a Zeus, de uma forma que eu interpretei como irônica ou de brincadeira, algo finalmente aconteceu. Acho que não era exatamente a intenção dela, mas um bloco começou a se mover no chão, um bloco que deslizou, revelando um buraco e uma escada dourada. Trocamos alguns olhares, mas não havia dúvida sobre o que fazer. Tínhamos que descer aquelas escadas.

Eu não faço a menor ideia de quanto tempo levamos para descê-las. O caminho era escuro, tínhamos que descer devagar e com muito cuidado, pois não enxergávamos os degraus. Foi somente depois de longos minutos que vimos, enfim, um ponto de luz, e seguimos em direção a ele até começarmos a escutar vozes que vinham lá de baixo. Vozes familiares que me causaram um arrepio e fizeram meu sangue começar a correr com mais velocidade em minhas veias. Talvez fosse a raiva mais uma vez? Ou só adrenalina? Minutos depois, estávamos mais uma vez diante de Fobos e Deimos.

Somente a voz de Fobos já fez meu sangue ferver. É engraçado como se tornava cada vez mais frequente durante a missão... Nunca fui uma pessoa que se enraivece com facilidade, sempre fui muito mais a que sente medo e foge de conflitos. A raiva faz a gente ter vontade de encará-los, então não era comum para mim. Estávamos em uma enorme caverna, o que pude perceber ao desviar o olhar dos dois deuses para prestar atenção aos arredores. Eu engoli em seco ao me dar conta de que, além dos dois, estávamos cercados de um verdadeiro exército das criatura que enfrentamos anteriormente... Todas juntas. As Fobias, que enfrentamos no navio, e os Temores. Empunhar meu arco foi um movimento praticamente automático. Meu olhar se atentava às criaturas, atento a qualquer mínimo movimento delas, e eu ouvia o discurso dos dois meio em segundo plano. Quando começaram dizendo que não eram os vilões perderam boa parte da credibilidade dos argumentos. Já tinham tentado nos matar duas vezes, como poderiam não ser, para nós, os vilões? Fobos me fizera atacar Ava mexendo com minha mente, brincando com ela como bem entendesse. Como eu podia acreditar em uma palavra do que diziam? Mas eu me vi concordando com a fala de Fobos sobre precisarmos do medo. Sempre fui uma prova viva disso. Se não sentisse tanto medo não teria aprendido a me atentar a cada mínimo barulho no brejo, e identificar os que alertavam sobre uma possível ameaça, fosse de um animal, de um desastre natural, ou caçadores e demais pessoas que moravam na cidadezinha próxima. Se não fosse pelo medo não teria aprendido a me esconder tão bem, a ser tão esguia e silenciosa. Eu sobrevivera ao homem da máscara pálida após acertá-lo, deixá-lo mais lento, e aproveitar a brecha para me esconder. Ele era tão forte quanto um urso. Talvez, se o medo não me tivesse feito procurar um esconderijo, eu teria muito mais ferimentos além do corte no braço, por mais que eu conseguisse revidar e feri-lo também. O medo é grande responsável por nosso senso de sobrevivência, e foi a partir desta fala que meu olhar se voltou a ele. O medo e o terror continuariam a existir, independente do que acontecesse, e eles tinham razão. Mas toda a questão sobre não quererem ser usados e a vontade de assumir o trono me soou... Inútil. Seria uma grande mudança para eles, pois se sentariam no trono, mas e quanto aos outros? Seria somente uma mudança de quem governa, mas os subordinados sempre continuariam a existir e ser usados. Conveniente para os dois, mas quanto isso mudaria aos chamados "fantoches"? Todo o reino animal tem hierarquia. É inútil tentar fugir do fato de que alguém sempre vai querer ter o poder para si quando tal necessidade faz parte da nossa natureza.

Quando Deimos se levantou, começou a falar sobre as duas crianças que já tínhamos visto anteriormente. Eram filhos da Harmonia, e o ato de paz, que corria no sangue deles, era o que precisavam para abrir os globos e pegar as armas. Ouvir que Fobos estava controlando a mente deles fez meu corpo todo arder em raiva. Tenho certeza que, se olhasse para mim, ele veria em meus olhos o faiscar da fúria, e minha expressão ameaçadora. Naquele momento tive certeza. Seria uma péssima ideia colocar no poder alguém que sente prazer em controlar a mente dos outros. Tive vontade de atacá-lo. Mas não da forma mais convencional, com meu arco e flechas, e foi o que mais estranhei. Eu queria mais. Queria vê-lo sangrar, queria vê-lo cheio de cortes profundos, como se de repente eu pudesse me transformar em uma fera, de garras afiadas e tão forte quanto um grande felino. Senti um calafrio percorrer todo meu corpo, um diferente de todos que já havia sentido antes. Estranhei. Não era normal que eu quisesse machucar alguém dessa forma. Somente quando, após a fala de Deimos, os Temores e Fobias se moveram para nos atacar, percebi que me colocara muito mais em posição de ataque do que na posição defensiva característica. Percebi também que meus dentes estavam à mostra, e para que eu tinha mostrado eles? Talvez fosse um reflexo de tanto tempo vivendo ao lado de animais, talvez eu tivesse aprendido muito mais do que imaginava com eles.

No entanto, toda a movimentação foi interrompida por um alto estrondo. Todos nós paramos. De repente, aquilo que vinha lá de cima, da entrada da caverna, era muito mais perigoso e aterrorizante que as próprias criaturas. E então, raios adentraram o espaço onde estávamos e circularam por todo o lugar, fazendo enfim com que eu voltasse a me encolher. O ambiente, antes escuro, naquele momento tornou-se tão iluminado que me vi obrigada a fechar os olhos para que não machucasse minha vista. Comecei a ouvir gritos, além dos estrondos dos raios, e sons de coisas sendo destruídas. Somente quando tudo se acalmou e voltei a abrir os olhos, percebi Mia em pé, com um raio pairando acima de sua cabeça, quando todos nós estávamos abaixados, amedrontados com o que acontecera. Até mesmo Fobos e Deimos pareciam estar... Com medo. E machucados. As criaturas horrendas, criações deles, tinham sido mortas. Todas elas. E eles encaravam Mia como se ela tivesse então se tornado o único alvo possível. Uma filha de Zeus, então reclamada. Uau!

Infelizmente, porém, eu não tive tempo de dar os parabéns para ela, não que eu realmente fosse fazê-lo, visto que sua ameaça sobre me decepar ainda martelava em minha mente. Pensando rápido, antes que pudessem atacá-la, Diego prendeu os dois na rede proveniente do objeto que escolhera pegar de Hefesto, e quando Ivanna voltou-se para mim, soube que ela tinha um plano. Minha amiga me entregou o Algoz, que eu segurei com uma expressão levemente confusa, mas então tudo fez sentido. Ava e Mia tinham as chaves para abrir os globos, eu só precisava fazer a coruja de cobre me mostrar o caminho e guiá-las. Meu olhar encontrou o de Ava primeiro, e o movimento de cabeça e o sorriso dela, mostrando que confiavam em mim, me deu mais segurança. Eu sorri de volta, assenti de volta, e lancei um olhar rápido para Mia "Pronta". Respondi. Internamente, eu estava preocupada em deixar Ivanna e Diego sozinhos com Fobos e Deimos. E se machucassem a única amiga que eu tinha? A pessoa mais importante no acampamento para mim? Mas eu não podia me distrair. Precisava focar no que Ivanna confiara em mim para fazer, então respirei fundo, tentando acalmar minha ansiedade "Ok, Algoz... Mostre o caminho até os globos". Sussurrei baixinho, me concentrando.

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Re: Olympieion

Mensagem por Mia Lynn Sparkle Dom maio 14, 2023 5:11 pm

Irmandade Sangrenta
Durante toda aquela aventura, eu sequer tive a chance de poder apreciar a linda paisagem que tínhamos ao nosso redor. Quer dizer, estávamos na Grécia, um dos lugares mais lindos do mundo, mas nem eu, e creio que nem meus companheiros, conseguiríamos prestar atenção nesse tipo de coisa. Pelo menos não agora. A adrenalina espalhada por todo o meu corpo, misturada a tantas outras emoções eram tão fortes que mesmo minha respiração estava ruim naquele momento. Tentava me acalmar, baixar meus níveis de ansiedade, agora que eu já estava me sentindo melhor desde a luta, e parar de pensar em como aqueles temores eram bizarramente ridículos com suas fantasias de filmes de terror. O problema nisso tudo é que não dá pra simplesmente parar quando se está em uma missão como essa. Os "pesadelos" já não estavam mais ali, é verdade, mas ainda não havia acabado e isso ficou ainda mais evidente quando chegamos até uma das ruínas… Parecia um antigo templo, deveria ter sido muito bonito em sua glória, mas agora estava só em pedaços. Suspirei, incomodada com a pulga atrás da orelha que sentia desde que chegamos. Tinha algo errado, algo muito errado ali. Olhei em volta, sentindo o clima ambiente e buscando por uma resposta, mas não encontrei nenhuma. Pelo menos não enquanto parada.

Caminhando pelos arredores das ruínas, encontrei a resposta que precisava. — Pessoal… — Chamei, tentando não fazer tanto barulho, e aguardando da forma mais paciente que pude até que eles se aproximassem de onde eu estava. — Mortos ou só desacordados? — Questionei, mas nenhum de nós realmente ousou verificar. Logo,  Marissa, que também caminhava pelos arredores, encontrou mais homens na mesma situação. Dei um longo suspiro, não gostando do pensamento. Estávamos aqui por algum motivo, mas… o que era "aqui"? Diego pareceu ler meus pensamentos, pois chegou com uma resposta alguns instantes depois. Aparentemente havia uma placa naquelas ruínas que indicava se tratar de uma construção conhecida como Olimpieyon. Ivanna e Ava logo traduziram, indicando que aquele era um Templo de Zeus. Olhei admirada para o que antes deveria ter sido uma construção formosa, mas então soltei a primeira coisa que veio em minha mente: — Algoz deve ter errado o caminho, não? — Não era um ataque pessoal à Ivanna, portadora do objeto, mas não havia outra explicação. Ao menos… Não antes de Ava falar o óbvio. Deimos e Fobos queriam as armas de Zeus e, portanto, o filho de Hefesto a teria trazido para um templo do deus, um lugar divino, e do dono das armas. Os deuses menores não conseguiriam roubar por conta própria.

Ivanna logo deu a orientação para buscarmos uma forma de entrar, e foi isso o que me fez voltar a caminhar, em busca de qualquer coisa que nos fosse diferente o suficiente para parecer com uma entrada. No fim das contas a busca foi em vão, já tínhamos nos juntado, quase desistindo de buscar por algo que aparentemente não existia. Soltei uma lufada de ar, cansada. — Zeus… Uma ajudinha, por favor? — Perguntar não fazia mal, ainda mais porque havíamos ficado sem opções e eu não tinha nenhuma esperança de ser atendida. Havia apenas se tornado força do hábito. Então… Um barulho, um tremor no chão. Olhei rapidamente enquanto me afastava ao lado dos meus colegas e vi o momento em que um dos blocos no chão se deslocava para o lado, dando passagem para descermos a escada dourada abaixo. — Tá me zoando? — Ri. Era curioso que para entrar no Templo de Zeus fosse necessário pedir para ele, de fato. Não foi preciso verbalizar nada, todos nos olhamos e entendemos o que deveria ser feito. Assim, começamos nossa caminhada para o interior do local, sem nada além de nossa coragem. E quando digo sem nada, me referia ao fato do lugar estar escuro e não existir nenhum archote com tochas ou alguma lanterna que pudesse guiar nosso caminho. Bom… Ao menos tínhamos um caminho, não é verdade? Seguimos, sem fazer tanto barulho, até conseguirmos enxergar um ponto de luz à frente, onde vozes começaram a ficar mais evidentes. Mesmo de longe, eu sabia quem eram, e isso só me deixou com a mesma adrenalina de antes, agora um pouco mais intensa. A voz de Fobos me fez soltar uma lufada pesada de ar, incomodada em saber que seria obrigada a encará-lo novamente.

No instante em que deixamos a caverna escura, sendo iluminados pelo interior do templo, meus olhos correram em busca de Fobos, embora eu não pudesse ser alheia ao redor, onde incontáveis fobias e temores nos olhavam, curiosos e sedentos talvez pela vingança do que fizemos com seus iguais momentos antes. Eles estavam preparados, vestindo armaduras de metal preto, o que me dizia que aquilo não era apenas uma recepção. Uma carnificina estava sendo preparada pelos filhos do deus da guerra. Natural… Pensei comigo, voltando a busca por Fobos e tentando ignorar Deimos perto dele, mas sendo impossível, uma vez que as crianças continuavam ao seu lado. — Você literalmente trouxe vilões de filmes de terror pra lutar contra a gente, cara. Conta outra. — Rebati o comentário de Deimos sobre eles não serem vilões. Foi automático, impulsivo, impensado, mas não me arrependi em corrigi-lo. — Falou o cara que me deu uma facada. — Revirei os olhos. Ok, eu realmente precisava aprender a calar a boca e não falar sem ser convidada. Não era interessante para nenhum dos meus companheiros que uma boca aberta piorasse a situação. Mas tentei me manter em silêncio, deixando que Fobos falasse o que queria, com seus argumentos fracos e inconsistentes. É certo que eu não havia sido reconhecida por nenhum deus divino ainda, nem sabia se um dia seria, mas me imaginar, mas isso não significava dar ouvidos para dois deuses que ajudaram a causar uma das piores coisas que o mundo já presenciou. Engoli em seco, tentando imaginar como “criaturas de hábito” poderiam controlar o Olimpo e como eles acreditavam que nós íamos realmente permitir que deuses do medo e do terror tomassem o controle.

A mera visão de campos de concentração sendo normalizados embrulhou meu estômago ao mesmo tempo em que uma onda de raiva seguia percorrendo meu corpo. Tudo o que eu queria é que ele parasse de falar de uma vez. Eu tinha medo, todos tínhamos medo, e era esse medo que me movia, que me fazia reagir e lutar, seja lá que tipo de luta fosse, mas isso é porque o medo estava controlado, agora, se ele fosse solto? Não, obrigada. Ele ainda tentou argumentar que precisavam de nós, mas Deimos tratou de cortá-lo, me fazendo revirar os olhos mais uma vez, antes de mantê-los sobre ele. Eu não tinha nenhuma simpatia por ele, mas ele tinha estilo… Seus temores mostraram isso. Enfim, ele seguia querendo se mostrar como o superior em tudo aquilo, e evitei olhar para Diego no momento em que mencionava que Fobos havia gostado de um de nós até mais do que deveria. No fim das contas, isso não importava. No meio de tantos pensamentos, porém, minha atenção foi voltada para as crianças ao lado do deus do terror, as quais Ivanna tentou descobrir quem era por meio dos temores, mas que só agora teríamos as respostas. As crianças eram filhas de Harmonia, eram o ato de pura paz que precisavam para abrir os globos. Ri com escárnio. É claro que eles agiriam de uma maneira tão suja, não é? Fechei os olhos por um breve instante, tentando controlar o que sentia naquele momento. Eu não poderia me precipitar. Não poderia prejudicar meus colegas. O problema é que isso se tornou ainda mais difícil quando Fobos deixou claro que as crianças estavam sob uma alucinação, acreditando que seus tios tinham a intenção de salvar o mundo. Ao meu lado, percebi Marissa se remexer. Eles haviam conseguido despertar algo nela, pude notar, mas nada falei.

Deimos voltou a falar, mostrando a intenção de tomar o Olimpo, contando com nós cinco para isso, prometendo que teríamos tudo o que desejássemos. Mas sua fala não condizia com as ações, pois os temores e as fobias começaram a se mexer, e eu imediatamente levei minha mão até Apokryptógrafos, pronta para usá-la, quando um barulho, um estrondo alto fez tudo parar.  O barulho ficava cada vez mais alto, intenso, chamando a atenção de todos. Busquei com os olhos o lugar de onde vinha e constatei ser do caminho que fizemos para chegar aqui. Me virei, na direção do barulho, buscando uma resposta para o espanto de todos. Era estranho, mas mais assustador que fosse, eu não sentia medo. O caminho que antes era escuro demais para enxergarmos qualquer coisa, agora estava iluminado por uma luz branca, forte. Eram raios, raios imensos que passaram pela caverna e começaram a circular ao nosso entorno. Olhei em volta e vi meus colegas se abaixando, se protegendo de tudo aquilo enquanto os temores e fobias iam sendo destruídos, reduzidos ao pó dourado. Deimos e Fobos gritavam, rugiam. Foram atingidos em cheio, mas ao invés de morrer, eles apenas pareciam mais… Chamuscados. Sorri com aquilo, pelo menos deveriam ter sentido dor, e eles mereciam sentir mesmo, por tudo o que nos fizeram passar. Mas eu? Bem, eu me mantive ali, parada, do mesmo jeito que estava antes, exceto pelo fato de que os raios pareciam desviar de mim, não me atingiram, não me mataram e não me chamuscar e, mesmo assim, eu era capaz de sentir como se uma corrente elétrica passasse por mim, sendo essa uma sensação ótima. Isso mesmo, eu me sentia nada mais do que ótima. Não reparei no silêncio que veio em seguida, pelo menos não no instante em que ele se fez.

Fobos e Deimos me encaravam com… Medo? Não, eles não estavam com medo de mim, muito menos me encarando. Era algo em cima de mim, algo que, ao olhar em volta, percebi que meus companheiros também olhavam. — Mas o que é que vocês estão… — Levantei a cabeça, olhando para cima e me deparando com o símbolo de um raio em cima da minha cabeça. O quê? Zeus? ”Ela não pode desconfiar que fui eu que dei essa missão, então, nunca tivemos este encontro.”  Não poderia ser verdade, poderia? ”Prove que você é digna de quem é.”. Sim, poderia. Naquele momento eu não soube dizer o que sentia, apenas abaixei a cabeça e olhei para os deuses menores. Ivanna proclamou as palavras que normalmente Héstia falaria, dizendo em voz alta que Zeus havia me reclamado como filha. Eu fui reclamada em seu próprio templo, em uma missão para proteger armas criadas por ele. Com isso em mente, mantive meus olhos sobre os deuses. Fobos e Deimos sangravam em algumas partes de seus corpos e pareciam ter se dado conta, nesse momento, que suas criaturas haviam sido dizimadas. Os filhos de Harmonia também não estavam mais ali. Então, num ato totalmente provocativo, esbocei um sorriso irônico. Fobos parecia estar ainda mais tomado pelo ódio ao devolver o olhar, e eu apenas apertei mais minha mão sobre a espada.

Não era tola, eu havia sido reclamada, mas ele ainda era um deus. Mesmo assim, não demonstraria medo ou fraqueza. Deimos o parou, mencionando algo sobre eu ser “dele” e então eu entendi, agora sim eles fariam questão de se tornarem vilões para mim, tal qual eu havia me tornado para eles. Foi enquanto Deimos nos pedia algo que Diego agiu, prendendo ambos os deuses em sua rede. Busquei o garoto e sorri para ele, mas o sorriso logo desapareceu. Eles não ficariam presos por muito tempo e seria necessário agir. Ivanna entregou Algoz para Marissa - minha recém-descoberta prima pedindo que ela nos guiasse para onde estavam as armas, afinal, Ava e eu éramos as portadoras das armas responsáveis por abrir os globos e destruir as armas. Eu não queria sair dali, queria enfrentá-los, como Ivanna e Diego estavam fazendo, mas então Ava se aproximou e eu olhei para ela, lembrando de tudo o que passamos e que, se seguíssemos o plano, as coisas poderiam acabar o quanto antes. Não precisei de uma palavra de incentivo, se Ava havia concordado, eu sabia que era o certo a ser feito.  Dessa forma, mesmo a contragosto, assenti, mas não antes sem olhar Ivanna uma última vez. Não a conhecia muito bem, mas eu não tinha total confiança nos pensamentos dela. Talvez fosse um pensamento natural, mas lá no fundo eu gostaria de confiar totalmente na garota. Ela era nossa líder, afinal.

Olhei de Diego uma última vez, acenando com a cabeça e então me virei para Ava e Marissa. Era difícil simplesmente sair, mas eu sabia, lá no fundo eu sabia, que era por um bem maior. Aqueles dois estavam nos dando uma chance, estavam nos abrindo um caminho e não poderíamos simplesmente ignorar. Não haveria outro momento como aquele. — Pronta. — Falei, desviando meus olhos dos quatro. Não sabia exatamente qual seria nosso caminho, mas precisava confiar que conseguiríamos e que Ivanna e Diego também conseguissem. Eu só esperava que Zeus não nos abandonasse logo agora, que parecia estarmos prestes a cumprir nosso objetivo.

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Re: Olympieion

Mensagem por Láquesis Dom maio 14, 2023 8:53 pm

Irmandade Sangrenta
A força mágica da rede lançada por Diego fez com que Fobos e Deimos ajoelhassem perante os heróis. Mas havia algo de estranho na reação deles. Nenhum dos dois parecia resistir ao poder do item - apesar da cara amarrada de Fobos. Para o deus do terror, Deimos estava até bem tranquilo. Como digna líder, Ivanna tinha um plano. E guiada pelas instruções de uso dos itens entregues por Hefesto, ela orquestrou as ações do time em suas funções. Enquanto Marissa seria responsável por encontrar os globos, Ava e Mia abririam os objetos para chegarem às armas de Zeus. Ao comando de Marissa, a ave de metal circulou uma boa área da caverna, até para de frente para a parede direita da caverna. Algoz fez um ruído parecido com um despertador, chamando a atenção das meninas, que foram na direção da coruja.

Ivanna e Diego montaram guarda próximos de Fobos e Deimos. Um ato desnecessário - levando em consideração a qualidade da rede criada por Hefesto. Mas Ivanna tinha algo em mente. Talvez uma distração? Ou tirar alguma informação extra… O que importava é que os deuses ouviram com atenção cada palavra de Ivanna. Em dado momento, parecia que a filha de Atena tentava colocar irmão contra irmão. Fobos era seu alvo e, dada a reputação de Deimos nos milênios passados, aquela era uma reação apropriada. Quando Ivanna terminou de cuspir suas palavras. Fobos e Deimos se entreolharam em silêncio por alguns segundos. Até caírem em uma gargalhada bizarra capaz de alimentar os pesadelos da pessoa mais corajosa do mundo. — Você, com certeza, não será a deusa da manipulação — Fobos disse ainda entre risos. — Nossa mãe é Afrodite. É graças ao poder de influência dela que podemos agir contra a mente dos outros. — Deimos tinha parado de rir e olhava Ivanna com curiosidade. — Mas aprecio sua coragem —
— Nós dois andamos juntos nessa terra por milênios. Deimos lutou minhas batalhas e eu as dele. Você achou que seu discurso seria o bastante para quebrar o que nós temos? — Fobos finalmente parou de gargalhar, mas mantinha um sorriso.

Próximo dali, paradas de frente para a parede apontada por Algoz, as meninas ainda procuravam pelos globos. Quando uma delas se atreveu a encostar na parede de pura rocha, ranhuras surgiram na superfície de pedra negra - formando palavras em grego.


ΕΔΏ Ο ΠΌΛΕΜΟΣ ΠΑΡΑΜΈΝΕΙ ΣΦΡΑΓΙΣΜΈΝΟΣ


Com a habilidade de entender grego antigo, uma delas leu a frase em voz alta. Como um encantamento, a área da parede contendo a escrita demonstrou ouvir a voz da menina e foi desaparecendo - como se derretesse perante elas. Dois globos de bronze polido levitavam perante as três e, lentamente, se moveram para frente até pararem no centro da caverna. Fobos e Deimos se mexeram incomodados debaixo da rede. — Antes que vocês façam o que pretendem fazer, nos ouçam com atenção — Deimos tinha os olhos arregalados, mas tentava manter o costumeiro tom de voz. Diferente de Fobos, que aparentava estar preocupado. — Eu não preciso vasculhar suas mentes para saber que vocês concordam com, pelo menos, metade do que eu disse ser a nossa justificativa. E também sei que ainda têm suas ressalvas quanto ao que nós dois queremos.  — Fobos e Deimos se levantaram com dificuldade, lutando contra o poder da rede. — Ao contrário do que vocês devem pensar, nós não estamos buscando dominar o mundo ou transformá-lo em um campo de guerra infinito. Estas armas são apenas o que precisamos para alcançar o nosso real objetivo: respeito entre os olimpianos.  —
— Espero que você não se ofenda — Deimos disse olhando para Diego — Mas até o deus do vinho tem mais relevância que os deuses do terror, do medo, da paz, da vitória, dos sonhos e até o do submundo poderiam ter. —
— Esta divisão nos parece equivocada e esperamos que vocês também vejam isso. —
— E no fim das contas, o que ele tem a te oferecer? A habilidade de ficar sóbrio enquanto pouco se importa se você vive ou morre em uma missão suicida dada por eles? — Fobos tentou se aproximar de Diego, mas foi impedido pela rede. — Eu poderia te oferecer muito mais. Minha existência ao seu lado por mais quanto tempo esse planeta durar. Nós dois teríamos nossos tronos lado a lado no Olimpo; dividiríamos uma cama… Lhe prometo algo que a própria Hera invejaria.  — Deimos foi quem tentou se mover agora, na direção de Mia.

— Ivanna está errada. Quando eu disse que você seria minha, é porque pretendo ter sua mão. Você provavelmente está com vontade de dizimar nós dois agora, e é esse tipo de fúria que pretendo ter ao meu lado — Deimos dizia aquilo cerrando os dentes; com sinceridade. — Com nossos poderes e a nossa fúria, a tomada do Olimpo não demoraria muito para acontecer. —
— Vocês cinco seriam deuses. Para que isso aconteça, precisamos tomar o lugar de Zeus. Pois só alguém com o status dele é capaz de transformar a parte divina que habita em vocês em deuses. Isso não significa que planejamos matar qualquer deus do Olimpo —
— A não ser que eles insistam em ficar contra nós —
—, apenas queremos nosso lugar por direito. Zeus conseguiu chegar onde está graças a minha ajuda e de Deimos. E sequer as armas que nos foi presenteada ele nos deixou manter. Assim como vocês, nós, deuses menores, somos meros peões.

Deimos se dirigiu a Ivanna e sorriu. — Ao contrário do que você deve pensar, você possui meu respeito, filha de Atena. Você e Ava seriam os generais da nossa campanha, e receberiam os louros dignos de suas habilidades. Você é uma ótima estrategista, e faz tempo que não vejo uma sobrevivente em batalha como Ava. Vocês tiveram de enfrentar Fobias e Temores para provarem seus valores, e demonstraram ele com maestria. Esse mundo e o dos deuses não é digno dos covardes e fracos. E todos vocês provaram que estão longe disso. Inclusive você — Deimos apontou para Marissa. — Eu sei o quanto você se sente ofendida por ser considerada o elo fraco do grupo. Mas falhou em perceber a importância disso. Você é a prova viva da crueldade dos deuses com aqueles abaixo deles. Nem nos domínios de Poseidon seu pai lhe enviou ajuda. Foi preciso semideuses como você, incluindo seu irmão, para que você chegasse aqui. Você acima dos outros quatro sabe o preço de lutar batalhas que não são suas.  —
— Para você, oferecemos a posição de deusa dos pântanos e da serenidade. Mas podemos também oferecer… paz. — Algo nas palavras de Deimos fez o ambiente parecer mais tranquilo. Ele e Fobos tinham acabado de retrair seus poderes de causar medo e terror. — Podemos oferecer um escape de tudo isso. Você e as pessoas que amam em um local seguro do Olimpo; longe da minha influência ou de Fobos.

Os deuses ficaram em silêncio por algum tempo. Ainda mantinham seus poderes sob controle enquanto os semideuses pensavam na oferta deles. — Contudo, para tudo isso acontecer, precisamos de duas coisas. E a primeira, obviamente, são as armas que nos fortaleceria o bastante em uma batalha contra os olimpianos e seus aliados. —
— Segundo a profecia, uma irmandade deve ser sacrificada para manter a guerra trancada. Os filhos de Harmonia foram uma delas, mas nosso querido Zeus tratou de resgatá-las. A segunda irmandade… Seria eu e Deimos. Vocês podem fazer uma oração para convocar Ares ou Hefesto que viriam nos buscar. Mas garanto que isso não seria o nosso fim. Como eu disse, medo e terror são eternos. Logo nós voltaremos. E com fúria o bastante para nos vingar de quem nos tirou a nossa chance de possuir algum respeito. O contrato entre vocês e Hefesto é a terceira irmandade. Algo cresceu entre vocês durante esta missão, mas ela pode ser sacrificada. Nos liberte e nos entregue as armas, e vamos garantir que elas não serão usadas por bastante tempo. Nós vamos precisar desse tempo para reconstruir nosso exército de Fobias e Temores e concluir o treinamento com as armas. — Deimos esquivou o olhar antes de prosseguir. — A segunda coisa que precisamos… é que vocês morram. Não, nós não vamos matar vocês. Mas para que se tornem deuses, é preciso que a parte mortal de vocês morra. É provável que isso aconteça após ou durante nossa batalha contra os olimpianos, mas só depois que vocês morrerem é que conseguiremos garantir o que prometemos: casamentos e seus status de deuses olímpicos. —
— Caso aceitem nos ajudar, oferecemos mais algumas coisas. No tempo em que estivermos afastados, vocês, infelizmente, continuarão sendo usados pelos deuses em suas tarefas absurdas. Mas podemos ajudá-los com riqueza, bênçãos, poderes, itens e força extra até lá. Façam sua escolha. Só precisamos que um de vocês aceite a oferta — Fobos se virou para Marissa. — Chegou o momento em que pelo menos um de vocês precisa dizer “sim”. Os que se opuserem, não receberão nossas recompensas, mas garantimos que eles deixarão essa caverna ilesos. E assim permanecerão por toda a eternidade. —
— Algo me diz que vocês passaram grande parte de suas vidas pensando sobre isso. Acredito que já tenham suas decisões tomadas. Então nos digam, antes que a magia da rede perca o efeito.


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Re: Olympieion

Mensagem por Diego S. Herrera Sex maio 19, 2023 10:48 pm

bloody brotherhood: the music intensifies
Eu não podia negar, ver um ser tão poderoso quanto Fobos em uma situação de vulnerabilidade bem diante de mim… cara, eu usaria aquela memória todas as vezes em que precisasse me aliviar. E pensar que eu mesmo havia criado aquela atual conjuntura para os deuses, isso deixava o meu ego inflado. Circulei a rede que prendia as divindades gêmeas, parando de frente para o meu amado. Olhando-o de cima para baixo — numa posição dominante —, abri um sorriso devasso ao deixar claro o tipo das intenções que eu tinha. Não precisei falar nada. Eu entendi que Fobos sabia exatamente o que se passava na minha cabeça.

Mas senti meu coração se partir um pouco ao ver o medo em seus olhos, quando as garotas retornaram, trazendo os globos que continham as armas de Zeus. Era como se ouvisse a voz de Afrodite sussurrando em meu ouvido, dizendo: “Bela história, muito ardente! Mas não é para ser…”. Estava completamente dividido entre a razão e a emoção enquanto ouvia as promessas que Fobos e Deimos tinham para nós.

Não tomei como ofensa — respondi Deimos, após ele chamar o meu pai de “cara do vinho”. — Mas precisa reconhecer que é graças a ele que nem vocês, nem as suas criaturas, podem entrar na minha mente. — Isso, para Fobos, deveria ser um elogio. Afinal, ele me conquistou sem poder usar sua influência sobre mim; apenas com um sorriso e a sua presença. E era isso que tornava mais difícil, para mim, escolher um lado.

Nem todos os golpes que tomei dos temores de Deimos me fez sentir num conflito mais brutal do que aquele. Ouvir cada uma das minhas companheiras recusar as propostas dos dois deuses fez cair pedacinho por pedacinho de um sonho nunca vivido. Eu sabia que, no final, a decisão se voltaria para mim. A minha alma estava num cabo-de-guerra infinito consigo mesma. Se ao menos alguma delas dissesse “sim”...

Eu não queria tudo que Fobos me prometeu. Não fazia questão do trono, nem dos poderes, nem da eternidade. Só viver com ele o que parecia ser um amor verdadeiro já estava de bom tamanho. Estaria disposto a abandonar tudo e ir com ele, se isso não significasse a ruína para todos os outros seres. Na minha vida, eu já prejudiquei muita gente com as minhas atitudes impulsivas. Desta vez, eu simplesmente não podia deixar isso acontecer; ou o meu pior medo iria se realizar. E Fobos sabia disso melhor do que ninguém.

Meu pai me disse uma vez que a minha paixão era uma benção e uma maldição — falei, mais sério do que nunca estive. — Ela seria tanto o meu propósito quanto a minha queda. Eu sinto muito, mas o preço é alto demais… um mundo governado pelo medo e pelo terror… — Não pude evitar de pensar em toda homofobia que já sofri e ainda sofro; em todo o racismo que destrói a vida de milhares todos os dias; nos atos de terrorismo que são cometidos pelo medo de um castigo eterno. O medo e o terror já existem em quantidades impensadas no nosso mundo, do jeito que ele é.

Vocês estão certos quando dizem que doze deuses não merecem toda a glória — admiti, sentindo um nó se formar na minha garganta. — Estão certos quando dizem que vivemos ponderando essas questões e que, se pudéssemos, lutaríamos para tornar o mundo mais igual para todos. Mas esse não é o jeito certo de fazer isso acontecer. — Olhei para Fobos; o nó estrangulando a minha voz. — Eu sinto muito… mas não era pra ser… — Distanciei-me da rede, deixando claro que não agiria em favor dos gêmeos. Voltei para junto das meninas, arrasado, mas preparando-me para convocar Hefesto e dar um fim naquele conflito.

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Re: Olympieion

Mensagem por Ava O. Vaughn Dom maio 21, 2023 10:53 am


irmandade sangrenta
uma escolha


E
ra chegado a hora, Ava podia sentir. Avessa ao que acontecia entre os deuses e Ivanna e Diego, a semideusa seguia com Marissa e Mia a figura do Algoz até ficarem de frente a uma parede de pedra. Mais uma vez, sentiu um arrepio percorrer seu corpo, tomada pela sensação do poder aterrador que se apresentava ali. Ela sentia e ao olhar de soslaio para Mia, recém descoberta filha de Zeus, sabia que a semideusa sentia também. Afinal, do outro lado, estava o poder de seu pai em sua forma pura.

Ava olhou para a inscrição e a leu, em alto e bom som, atraída pela sensação que lhe percorria, então seus dedos tocaram a parede de pedra de forma quase inconsciente e ali, diante dos olhos das três, viu a construção se derreter e as orbes foram reveladas.

"Aqui está.", pensou decidida já tirando do bolso escondido a arma dada por Hefesto para que pudesse abrir os orbes e seguir com o plano.

Contudo, a voz de Fobos e Deimos chamou sua atenção e ela se voltou para eles, ouvindo-os.

O discurso foi longo. Longo demais, se ousasse dizer. As palavras dos deuses passaram por Ava como folhas ao vento, promessas e mais promessas. Não podia dizer aos demais, apenas por si mesma. Era isso que queria? Ser a General de campanha de deuses que através de joguinhos queriam alçar ao Olimpo? Não estariam eles, Fobos e Deimos, agindo exatamente igual aos deuses que eles dizem odiar e que não merecem o local que estão?

Os deuses disseram mais de uma vez que sabiam os desejos mais profundos de seus corações. Mas, de longe, esse não era o desejo do coração de Ava. Ao ouvir o elogio, se é que podia falar assim, sobre não verem uma sobrevivente de batalhas como ela, fechou-se em si mesma. Havia sentido vergonha desde o início da missão por ser tão fraca e ter sucumbido às criaturas dos deuses.

Era isso o melhor motivo para tal promessa? Não, não podia aceitar. Sabia o quanto precisava melhorar, devia melhorar, queria. Se um dia, tivesse a honra de ser uma grande general, seria forte o bastante para cuidar do seu exército. Mas, em uma coisa, os deuses estava certos: ela sobreviveria, pois desistir não era uma escolha.

Ao final do enorme discurso, Ava olhou para Ivanna e o reconhecimento mútuo do quão absurdo eram algumas considerações — céus, um pedido de casamento para Mia — às fizeram rir. Compartilhar aquele momento com a irmã foi bom. Meia ou não, Ava a reconheceu como quem era mesmo, sua irmã.

Olhou para Fobos e Deimos e encontrou sua voz, como se estivesse ouvindo a si mesma pela primeira vez em muito tempo: — Vocês tem razão em dizer que sou uma sobrevivente, desistir nunca será uma escolha para mim. - As palavras flutuavam por seus lábios. - Qual é a diferença entre vocês e esses deuses que dizem odiar? Não fizeram o mesmo que eles? Ousando jogar com as pessoas e seus sentimentos? Não sigo a ninguém, a não ser meus princípios, senhores. - Deu de ombros com um sorriso pintando seu rosto e seus olhos azuis se tornaram ainda mais brilhantes. - Se um dia tiver um exército para liderar, eles me seguirão pela honra de não me vender a promessas vazias. Faço o que julgo ser certo e arco com as consequências de meus atos. Não farei parte desse joguinho de poder.

Quando terminou de falar, Ava fitou com carinho para Marissa e assentiu, combinando em silêncio, mas, sabia que ela havia entendido e, então, aproximou-se das orbes e assim que retirou o pendrive do bolso uma das orbes reluziu e uma entrada se precipitou.

Sentiu uma nostalgia estranha, ao conectar o pendrive, ação que fizera um milhão de vezes em sua antiga vida. Antiga, pois agora, ela sabia, era uma guerreira.

Diante de seus olhos, os orbes se abriram e revelaram as armas de Zeus. Ava se afastou, deixando Marissa e Mia tomarem a frente, sabia que tinha terminado sua parte. Agora, não era sobre ela.

Depois disso, quando as armas estiverem destruídas, sabia que chamariam Hefesto e acreditava que então, tudo estaria acabado. Seu corpo ainda não estava relaxado, sentia a pressão em seus músculos, Ava acreditava que só descansaria e acreditaria que tudo estava bem depois de tomar um longo banho e deitar em sua cama no chalé de sua mãe no Acampamento, sua casa.



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Re: Olympieion

Mensagem por Marissa Seymour Dom maio 21, 2023 3:30 pm

Irmandade Sangrenta - 12 - As Ofertas
A corujinha de cobre em minhas mãos levou-nos até uma parede de rocha. Talvez os globos estivessem atrás dela, foi a primeira coisa que pensei. Mas como poderíamos passar? Observei-a de cima a baixo, tentando encontrar algum detalhe escondido, algo que pudesse nos dar uma dica, uma possível passagem, um botão secreto, talvez? Quem conseguiu a resposta foi Ava. Após encostar e passar a mão pela parede, ranhuras começaram a surgir na rocha, formando o que pareciam muito ser palavras. Mas eram palavras escritas em grego. Soube porque, para o meu cérebro, não eram desconhecidas, embora eu não conseguisse lê-las. O conjunto das letras me confundia, como se todas se embaralhassem em minha mente e fosse impossível entender. Torci para que uma das meninas conseguisse decifrar, e agradeci quando uma delas realmente o fez, chegando até a respirar aliviada. Não consegui deixar de pensar no que aconteceria caso eu estivesse sozinha... Aquele seria o fim da linha para mim? Falharia na missão por não conseguir ler uma frase escrita em grego antigo? Diante de nossos olhos, as ranhuras que formavam as letras começaram a desaparecer, como se derretessem, e dois globos levitaram à altura de nossa vista e passaram por nós até chegarem ao centro da caverna, onde estavam os demais. Seguindo-os, voltamos a dar de cara com Fobos e Deimos, felizmente ainda presos pela rede de Diego, e percebi que ambos se remexeram incomodados. Ivanna estava segura, nada tinha lhe acontecido, e fiquei aliviada.

Sabíamos o que precisávamos fazer. Ava e Mia tinham as ferramentas para abrir os globos, eu bem lembrava das descrições de Hefesto para o que cada objeto que ganhamos fazia. E o meu burrinho de ferro tinha o poder de destruí-las, esse era o  meu papel. Mas antes que qualquer uma de nós se movesse para dar seguimento ao plano, Fobos e Deimos interromperam, quase implorando que os ouvíssemos antes de fazer o que eles sabiam que estávamos incumbidas de fazer. Eu encarei os dois com uma expressão de poucos amigos. Já estava cansada dos jogos mentais, das palavras manipulativas dos dois e os ideias questionáveis. Fobos, por exemplo, tentava soar convincente porque afirmava ter certeza de que tínhamos concordado com ao menos metade do que falara. É, eu realmente tinha concordado. Tinha concordado com o fato de que o Medo e o Terror nunca deixariam de existir, e nossa sobrevivência dependia deles muitas vezes, mas eles não precisavam sentar no trono do Olimpo para isso. Não queriam transformar o mundo em um campo de guerra infinita, mas queriam o trono, e tinham uma mania absurda de querer controlar a mente dos outros. Os fantoches que queriam deixar de ser fantoches para poder controlar seus próprios fantoches. Quem eles ainda queriam enganar com aquele discurso todo? Consegui perceber no rosto de Ivanna, Mia e Ava que definitivamente não estavam conseguindo. Mas Diego ainda parecia uma incógnita para mim. E acho que os dois deuses também perceberam, pois foi para ele que se direcionaram, falando sobre Dionísio, o deus do vinho, ter mais relevância que os dois juntos. De fato eu concordava que todos deveriam ter uma relevência igualitária, mas eu conhecia muito pouco dos fatos históricos. Talvez em algum momento já tivessem tentado e percebido que não dava certo? Se fosse o caso, seria o momento de tentar outra vez? Era um assunto complexo. Complexo demais para uma cabeça como a minha que foi criada em meio à natureza onde todos têm o seu espaço desde que se respeitem mutuamente, sendo o principal objetivo a sobrevivência e reprodução da espécie, e não necessariamente dominância sobre as demais. Predadores precisam comer, e portanto têm que caçar e defender seu território. Quem sabe que não pode enfrentá-los de frente respeita e fica longe do território, a não ser que queira correr o risco.

E então começaram as ofertas. Eu sabia que em algum momento elas apareceriam, Fobos já tinha deixado muito claro para mim ainda no Tormenta de Squilla. Para Diego o deus do medo ofereceu uma vida em conjunto, onde os dois dividiriam uma cama, sentariam-se lado a lado no trono do Olimpo. Pelo que fui capaz de entender, era uma proposta romântica, um casamento, pois até Hera foi citada. Da mesma forma, Deimos queria a mão de Mia em casamento, queria que ela fosse sua, pois a fúria que via no olhar dela naquele momento era algo que pretendia ter ao seu lado. Eu franzi o cenho nesse momento. Diferente de Fobos, a proposta de Deimos parecia muito mais uma forma de usá-la... Usar do poder que ela possuía para tomar o Olimpo. Era daquilo que se tratava um casamento? Pessoas se casam para usar uma a outra? Ok, outro assunto complexo para a minha cabeça. Nunca convivi com pessoas casadas, é um assunto do qual não tenho muito conhecimento. E mais promessas vieram em seguida. Segundo os dois, nós cinco seríamos deuses, mas para tal precisariam tomar o lugar de Zeus, pois somente ele teria o status necessário para transformar nossa parte divina de fato em divindade, o que não significava que precisassem matar qualquer um dos deuses do Olimpo. Algo me dizia que aquilo não era verdade. Os deuses do Olimpo certamente seriam contra a tomada do poder deles, e nesse caso, provavelmente Fobos e Deimos matariam quem se opusesse, o que viraria uma matança. E isso foi comprovado logo em seguida com a fala de Deimos "A não ser que eles insistam em ficar contra nós". Eu não tinha a menor dúvida de que isso seria exatamente o que aconteceria. Até parece que algum deles iria abaixar a cabeça para o deus do terror, do medo, e cinco semideuses, entre eles uma medrosa como eu. O que meu pai pensaria de mim?

A seguinte oferta foi feita para Ava e Ivanna. Prometiam que elas seriam as generais, por serem ótimas estrategistas, e Ava uma grande sobrevivente. Senti um leve aperto no peito por, naquele momento, me lembrar de que tinha acertado uma flecha na perna dela. E Fobos era o responsável. Meu olhar imediatamente foi até ele, e senti dentro de mim a raiva que naquele momento estava mais branda começando a recobrar força. Mas foi Deimos quem apontou para mim. Apontou para mim dizendo que todos nós tínhamos provado não sermos fracos e nem covardes, inclusive eu. Mentira. Eles só queriam me elogiar para conseguir minha simpatia, só queriam me convencer de que eu tinha sido corajosa e forte em algum momento para que eu criasse alguma confiança neles. Quando Fobos começou a falar diretamente comigo outra vez eu o encarei com uma expressão feroz. Como ele poderia saber o que eu sentia? Qual importância pode ter o elo mais fraco de um grupo? Importante para eles por ser facilmente manipulável e poder ser usada para ferir os outros? Importante para se esconder e fugir das batalhas, e portanto não dar combate para eles e deixar tudo mais fácil? Era o máximo de importância que eu conseguia enxergar. Segundo ele, eu era a prova viva da crueldade dos deuses, pois nem nos domínios do meu pai ele me enviou ajuda. Aquilo me fez fechar os olhos com força por um segundo e respirar fundo. É claro que meu pai não enviou ajuda. Por que ajudaria a filha mais covarde que tinha? Eu não merecia ajuda. Mas ele tinha razão em algo... Eu realmente sabia o preço de lutar batalhas que não eram minhas. Eu nunca quis lutar com ninguém. Nunca quis incomodar ninguém. Eu estava feliz vivendo no brejo com meu tio e Jay. Passaria o resto da minha vida lá se não tivessem arrancado à força meu lar das minhas mãos, se não o tivessem invadido e me obrigado a encontrar outro lugar para viver. Aquela batalha contra os dois não era minha, de fato, eu tinha sido trazida até ali pelas circunstâncias. Por mim não viveria nem mesmo no acampamento Meio Sangue.

A oferta que Deimos fez tirou toda a raiva e ferocidade das minhas expressões. Eu deixei de encarar Fobos para encarar o deus do terror. Deusa dos pântanos e da serenidae. Eu poderia ter meu brejo de volta? Poderia ser a deusa do brejo? Não precisar lutar contra ninguém, viver em paz e serenidade como minha vida tinha sido por tanto tempo? Aquilo conseguiu me abalar. Seria tão bom... Era tudo que eu mais desejava, voltar para o meu pântano, meu barracão, meu barco de pesca, minha praia, meus lagos, minhas gaivotas, garças, perus selvagens, nadar livremente, explorar a floresta livremente, pegar fruta do pé, escalar árvores, brincar de pegar o máximo de folhas secas que caíam das árvores no outono... Se eu fosse uma deusa poderia, algum dia, ser capaz de encontrar Jay? De chamá-lo de volta para viver comigo? Jay aceitaria? Ou estaria feliz onde quer que estivesse? Um escape de tudo, um lugar seguro para nós e quem amávamos. Acho que não podia mais recuperar meu tio, mas Jay... Jay talvez fosse possível, e longe da influência de Fobos e Deimos.

Um silêncio se seguiu. Silêncio este em que eu não conseguia tirar da mente imagens de mim mesma retornando para casa. Minha verdadeira casa. O local ao qual eu realmente pertenço. Não mais olhava para os outros. Não sabia dizer se para eles tudo era tão tentador quanto estava sendo para mim, mesmo imaginando que para alguns talvez não. Foi Deimos que voltou a interromper o silêncio, e relembrar quais eram as condições para que aquilo pudesse ser feito. Primeiramente, precisariam das armas que estavam ali, escondidas dentro dos globos que levitavam à nossa frente. Globos que só Ava e Mia poderiam abrir... E armas que eu poderia destruir. E ainda havia o sacrifício. Uma irmandade precisava ser sacrificada. As duas crianças, filhos de Harmonia, tinham sido resgatadas por Zeus. A segunda irmandade seriam os próprios deuses do medo e do terror. E então veio a ameaça. Poderíamos fazer uma oração para convocar Hefesto ou Ares para buscá-los, mas aquilo não os pararia, já que o medo e o terror são eternos. Prometiam vingança neste caso. Voltariam com muito mais fúria contra aqueles que os impediram de conseguir o respeito que tanto queriam, grupo ao qual estaríamos incluídos. A terceira irmandade era o contrato entre nós e Hefesto. A segunda coisa de que precisavam, era que morrêssemos. Não iriam nos matar, mas nossa parte mortal precisava morrer para que nos tornássemos deuses. Só depois eles poderiam garantir tudo que prometeram. Parte de mim gritou que era tudo uma grande cilada. Depois de mortos eles poderiam muito bem escolher se nos tornariam deuses ou não, nesse meio tempo não haveria nada que pudéssemos fazer, poderiam facilmente se livrar de nós, livrarem-se do risco de um dia nos voltarmos contra eles como eles estavam se voltando contra os deuses do Olimpo. Parte de mim tinha essa consciência, que talvez estivesse errada ou não. Mas a que amava o brejo queria sua casa de volta. E essa gritava muito mais alto dentro de mim naquele momento. Era como se eu estivesse disposta a arriscar até mesmo minha vida para ter meu lar de volta. E eu estava. Naquele momento eu estava. E somente um de nós precisava dizer "sim". Os que se opusessem não receberiam as recompensas, mas eles prometiam que poderiam sair ilesos da caverna e permanecer de tal forma por toda a eternidade.

Eu pensei seriamente em dizer "sim". Meu amor pelo brejo gritava para que eu aceitasse. Percebi que os outros se olhavam. Reparei nos movimentos de Ava, Ivanna e Mia, principalmente. E consegui ouvir, mesmo que meio de longe enquanto minha mente entrava em conflito, que elas acharam cada uma das ofertas absurda. Tive vontade de dizer a elas que para mim não era tão absurdo, mas isso implicaria conversar e argumentar, e eu cresci num brejo sem muita relação com outras pessoas que não fossem Jay ou meu tio, eu não sou boa em argumentação. A primeira a perceber minha hesitação foi Ivanna. Era a que mais me conhecia entre os outros afinal, na verdade a única que me conhecia bem. Eu olhei para ela com um olhar triste, sentindo a força que ela me dava, mas querendo que ela entendesse o que aquilo significava para mim "Eu quero meu lar de volta. Eu quero voltar para o brejo". Falei com determinação, mesmo que parte de mim estivesse entendendo tudo que ela estava falando e concordasse que aquela não era a forma de conseguir, que de nada adiantava ter paz no brejo se o restante do mundo estaria em guerra "Eu cuido deles se estiverem mentindo para mim!". Isso foi minha raiva voltando a falar. Olhei dela para eles, e em meu olhar ardeu a fúria outra vez. Mia já tinha ameaçado me decepar caso eu cogitasse aceitar, e ao ouvir a voz dela direcionada a mim com hostilidade eu me virei para ela com um olhar feroz. A raiva ardeu dentro de mim, e meu corpo adquiriu novamente uma posição pronta para o ataque, e desta vez eu percebi o momento em que mostrei os dentes e um som parecido com um rosnado, muito baixo, escapou da minha garganta. E daí que ela era filha de Zeus? Eu era filha de Poseidon, faria a luta ser mais difícil do que ela imaginava. Quem conseguiu me trazer de volta a mim foi Ivanna. Eu estava mesmo prestes a atacar uma companheira de missão? Após me sentir tão culpada por ferir Ava eu estava mesmo cogitando ferir Mia? Aquela não era eu... Aquilo não condizia com meu caráter. Minha raiva estava começando a me assustar. Em qual momento minha raiva deixou de ser direcionada aos dois deuses manipuladores ali para ser direcionada a uma parceira de missão? Eu estava outra vez me deixando ser manipulada por eles! Agradeci Ivanna por me fazer enxergar o que estava permitindo que fizessem comigo, e me senti ridícula pelo que fiz a Mia. Ivanna olhou nos meus olhos tentando enxergar se eu entendia o que ela queria dizer. Eu a encarei de volta, relaxando toda minha postura, fechando os olhos por um segundo quebrando o contato visual, e quando voltei a abri-los encarava o chão, mas assenti, arrependida.

"Joguinho de poder", foi como consegui ouvir Ava descrever tudo que estava acontecendo. E ela tinha toda razão, assim como Ivanna e Mia também tinham. Minha vontade então passou a ser destruir aquelas armas logo de uma vez. Com elas destruídas, não haveria mais tentação alguma. Assenti para Ava quando ela olhou para mim como se avisasse que iriam prosseguir com a abertura do globo. Ela e Mia trabalharam em conjunto até que enfim as duas armas estivessem expostas diante de nossos olhos. Diego também deixou bem claro que não aceitaria. Sendo assim, tirei do bolso o burrinho de ferro lindo que ganhara de Hefesto, e fiz questão de mostrá-lo aos deuses do medo e do terror "Já chega disso tudo. Vocês quase conseguiram me enganar, mas em uma coisa vocês têm razão. Nós nos tornamos uma irmandade. E elas me fizeram enxergar que tudo não passa de um joguinho pra vocês. Aposto que contavam com o elo fraco aqui caindo na cilada, né? A menininha do brejo fácil de manipular". Aquela missão tinha realmente mexido comigo. Desde quando eu falava tanto, e no meio de tantas pessoas? Senti meus olhos marejarem de ódio "Eu terei meu brejo de volta, mas não será através de vocês. E boa sorte tentando procurar outras armas, porque essas aqui vocês não vão ter". Virei o burrinho de frente para as armas com determinação, respirando ofegante pela raiva e a vontade de enfim destruí-las. Deixei que as chamas divinas de Hefesto fizessem seu trabalho através do objeto que eu segurava.

Só faltava então que Ivanna invocasse Hefesto para que tudo enfim terminasse.

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Re: Olympieion

Mensagem por Ivanna Klaasje Dom maio 21, 2023 4:17 pm

Os filhos de Atena são conhecidos por serem orgulhosos. Ivanna sabia que era orgulhosa, mas foi quando os deuses riram da cara dela que ela percebeu uma coisa sobre si mesma: quem ferisse seu orgulho a teria como inimiga. Foi isso o que ela sentiu quando aqueles dois deuses presos começaram a rir dela, sentiu-se envergonhada e, por consequência, sentiu que seu orgulho acabara de ser ferido. Não me entenda mal, ela ainda acreditava em tudo o que tinha falado, acreditava que Deimos mais usava Fobos do que qualquer outra coisa, mas se Fobos achava que aquilo era “lutar minhas batalhas e eu as dele”, bom… Pobre coitado. Que decepção. No início daquela missão, Ivanna pensou que Fobos era um covarde. Então, minutos atrás, ela conseguiu simpatizar com as coisas que ele falava sobre o Olimpo, porém agora só via o quanto ele realmente era um covarde. Fobos parecia alguém que precisava ficar empoleirado no próprio irmão para conseguir fazer alguma coisa. Enquanto ela conseguia enxergar Deimos fazendo algo sozinho, não conseguia enxergar Fobos fazendo algo sem seu irmão. Era realmente uma grande decepção. O olhar dela para os deuses se tornou vazio. Por precaução, ela manteve o arco apontado para Deimos, mas podia facilmente alterar a mira para Fobos se ele tentasse alguma coisa dentro da rede. O primeiro a fazer um movimento mais brusco seria atingido pelas chamas do arco dela, um arco feito pelo próprio Hefesto. Por Ivanna, eles poderiam ficar presos por uns bons milênios. Não poderiam deixar de existir, afinal, a essência deles está ligada a aspectos da vida, o medo e o terror, mas aquelas personificações que estavam diante dela? Por Ivanna, que eles fossem jogados numa espécie de vazio e ali ficassem para todo sempre, sendo os inúteis que eram. Claro, boa parte desses pensamentos era a raiva dela falando, o seu orgulho ferido. Fobos e Deimos tinham acabado de ganhar uma inimiga, parabéns para eles.

Pelo canto dos olhos, Ivanna percebia as outras três meninas indo até uma parede. Alguns minutos depois, os globos estavam com elas, levitando no centro da caverna. O melhor foi ver a inquietação de Fobos e Deimos ao perceberem que estavam prestes a perder todo aquele jogo. Ainda assim, eles pediram para ser escutados antes que fizessem qualquer coisa. Isso não coube a Ivanna decidir, afinal, ela estava de tocaia e não em posse dos globos, porém, pelo visto, Mia, Ava e Marissa deixaram que eles falassem. O que eles falaram? Muitas promessas. Os cinco seriam deuses e teriam um papel no “novo mundo de Fobos e Deimos”. Acredite ou não, as primeiras coisas que eles ofereceram foram casamentos. Fobos queria ficar com Diego enquanto Deimos queria Mia. Feitos um para o outro. Ela pensou com ironia. Que Mia nunca saiba deste pensamento, mas Ivanna não conseguiu deixar de pensá-lo. Fato era que as duas não tinham se dado muito bem e, no atual momento, Ivanna tinha Deimos como o pior dos deuses entre os olimpianos, os menores e os menores dos menores (se é que estes existem). Para Ava e Ivanna, foi prometido o posto de generais da campanha de Fobos e Deimos, coisa que não poderia ter feito Ivanna mais desencorajada de aceitar qualquer tipo de acordo com aqueles dois. Primeiro que ganhar o respeito de Deimos pouco importava para Ivanna e, para falar a verdade, a recíproca não era nem um pouco verdadeira, segundo, se eles a conhecessem, saberiam que Ivanna pouco se importa com louros ou posições altas numa suposta hierarquia. Era líder daquela missão, mas não porque queria o posto de liderança, mas sim porque queria encontrar e ajudar Hefesto com o que quer que estivesse lhe sendo um problema. Seu pai era um homem rico, mesmo assim ela nem sequer parecia uma menina rica, alguém que usava disso para ter um status a mais. Não importa a posição, importa outra coisa, o poder, e nem sempre poder significa uma posição mais alta. A última a receber sua proposta única foi Marissa. Conhecendo a amiga que tinha, talvez ela tivesse sido a única que foi realmente atingida pelas promessas. Para ela, eles prometeram que ela seria a deusa dos pântanos e da serenidade, eles prometeram para ela paz. Ivanna tirou os olhos de Deimos e levou-os na direção de Marissa. Ali, transmitiu sua amizade e deu forças para a filha de Poseidon entender que aquilo não passava de promessas vazias. Não adiantaria nada ter paz em sua pequena bolha se o mundo inteiro estaria mergulhado em uma espécie de caos de medo e terror… Ou o que quer que os deuses menores tivessem em mente. Antes, eles fizeram uma guerra mundial… O que fariam agora? Ivanna sentiu-se envergonhada por não ter enxergado isso antes. Eles falavam que não queriam transformar o mundo num campo de guerra ou dominá-lo, mas dado o histórico, não dava para acreditar neles.

Porém, você acha que essas foram as maiores pérolas? Não, o melhor ainda estava por vir, ouça-me: para que Fobos e Deimos cumprissem o que prometiam, ou seja, a imortalidade e a condição de deuses para os cinco… Eles precisariam primeiro morrer. Deimos argumentou que para que os semideuses se tornassem deuses, a parte mortal deles deveria morrer. Dionísio mandou lembranças. Ivanna pensou. Não que ela soubesse tudo sobre o deus do vinho, mas pelo que se lembrava, ele nasceu um semideus e depois se tornou um deus… E ela não se lembrava de nenhum mito sobre uma possível morte dele antes de tornar-se um deus. Tudo aquilo foi tão absurdo que Ivanna buscou o olhar de Ava, as duas mutuamente se entenderam e começaram a dar risada. Aquilo foi música para os ouvidos de Ivanna, afinal, ela estava fazendo a mesma coisa que Fobos e Deimos antes fizeram com ela: estava rindo da cara deles junto com sua irmã. Assim que as duas pararam de rir, Ivanna percebeu uma certa tensão se instalar entre Mia e Marissa. Mia não entendia Marissa tão bem quanto Ivanna entendia. - Não esqueça do que eles te fizeram antes das promessas. - Foi o que Ivanna disse para Marissa. Ela já tinha sofrido o bastante, a mais pura de todos ali, mas acabou sofrendo com a mente controlada por Fobos no Tormenta de Squilla, ela era a que os deuses menos mereciam ao seu lado. Ivanna jamais deixaria que Marissa aceitasse aquela proposta. Mia não parecia nem pensar duas vezes antes de recusar a proposta. Ava logo também negou as ofertas dos deuses. Ela até poderia almejar ser uma general, mas seria através de sua própria honra. Ivanna admirou sua irmã naquele momento, ficou orgulhosa dela. Depois, quando chegou a sua vez, Ivanna resumiu tudo que sentia em uma única frase. - Eu não trabalho com covardes nem com hipócritas. - Foi tudo que ela teve a dizer. Fobos era uma decepção, um covarde na asa do irmão, Deimos era um idiota e um hipócrita porque cada cinco frases que dizia, quatro ele contradizia a si proprio. Prometeu o status de deus, mas disse que os semideuses deveriam morrer, disse que não é o vilão, mas quase fez centenas de fobias e temores atacar os cinco, disse que Ivanna tem seu respeito, mas minutos atrás estava rindo da cara dela. Deimos deveria ser o deus da falsidade, isso sim. Então, o último a negar as ofertas dos deuses foi Diego, que para a surpresa de Ivanna, pareceu triste em fazer isso. Foi só ali que ela percebeu que ele realmente tinha ficado interessado na proposta de casar-se com Fobos. Que péssimo gosto, você merece mais. Ela pensou, mas não falou para não causar alarde. De verdade, ela nem conhecia tanto Diego para afirmar que ele merecia mais, mas veja bem, ter um covarde como partido não parecia para ela algo interessante ou digno.

A partir daquele momento, ninguém precisou falar mais nada, nem mesmo Ivanna, como líder, precisou dar uma ordem. Ava e Mia, com os itens especiais de Hefesto, abriram os orbes e, em seguida, Marissa, com o burrinho, queimou-os, os destruiu completamente enquanto rejeitava abertamente as ofertas antes feitas pelos deuses. Ivanna continuou como estava, com o arco apontado para Fobos e Deimos, observando com muita satisfação as expressões deles se transformarem à medida que observavam as tão preciosas armas que eles queriam serem consumidas completamente. Ela também sorriu, sabendo que sua amiga estava tendo o seu momento, não estava mais se escondendo. Marissa merecia muito, era uma boa pessoa, uma boa amiga. Em seguida, Ivanna deixou alguns minutos passar antes de falar. - Hefesto, deus das forjas e do fogo, essa é a nossa oferenda para você. - Ivanna falou em tom de voz firme e alto, que ecoou por toda a caverna. - As armas antes escondidas foram queimadas pelas suas chamas. - No acampamento, as oferendas eram dadas assim, as coisas eram atiradas no fogo. De certa forma, destruir as armas com as chamas de Hefesto também poderia ser uma oferenda para o deus. - Faço essa prece para que venha até nós, pois Fobos e Deimos estão presos em sua rede. - E, a partir de então, Ivanna esperou. Porém, antes, ela mirou Fobos e Deimos sem nenhum medo dos dois. - Aguardo o momento em que vocês resolverem buscar vingança. - Eles tinham prometido isso caso os cinco recusassem a oferta, que voltariam com furia o bastante para se vingarem daqueles que os impediram de conquistar o tal respeito que tanto queriam. Sim, Ivanna sabia que não era a coisa mais inteligente provocar dois deuses menores a se vingarem dela no futuro, mas o seu orgulho falou mais alto. Seja o momento que fosse, na situação que fosse, tal como estava agora acabando com os planos de Fobos e Deimos, assim ela faria no futuro, continuaria destruindo o plano daqueles dois.
18:56 - Dia X
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Re: Olympieion

Mensagem por Mia Lynn Sparkle Dom maio 21, 2023 6:00 pm

Irmandade Sangrenta
Quando a parede desapareceu, revelando os globos de bronze que continham as armas de Zeus, eu já estava sentindo o poder que antes se escondia ali. Agora estava mais próximo do que nunca. Levitan para o meio da caverna, diante de todos os outros quatro, além de Ava, Marissa e eu. De relance, vi a maneira como Fobos e Deimos se remexiam, claramente incomodados com estarem incapacitados. O deus do terror logo quis se comunicar, pedindo que o escutássemos. Só de olhar para ele, era bem evidente que estava na defensiva, tentando o que podia para nos impedir. Fobos então começou a falar, automaticamente me fazendo revirar os olhos… Patético, é isso o que aquele deusinho era. Talvez Deimos soasse muito mais convincente do que o outro, mas se ele quis desembestar a falar, não seria eu a impedir. Ouvia com mais atenção do que gostaria, querendo rir da cara dele após seus argumentos sobre não quererem transformar o mundo num campo de guerra infinito. Pois é, comédia! Isso vindo de dois filhos de Ares denominados deuses do medo e do terror. E é claro, como a cereja do bolo, Deimos ainda foi falar de Dionísio, como se ele fosse um mero deus inferior e recebesse um reconhecimento imerecido. Cara, fala sério!

Está certo que Héstia é quem realmente deveria fazer parte dos deuses olimpianos, mas ela era tão indiferente ao título que cedeu seu lugar para que ele assumisse, e isso para mim era a prova de que os deuses poderiam ser relevantes sem receberem o reconhecimento que mereciam. Deimos e Fobos só eram dois deuses inferiores ressentidos por não terem um lugar no Olimpo. Um sorriso divertido brincou em meus lábios enquanto escutava Diego os colocar em seus devidos lugares, lembrando-lhes que é graças à Dionísio que sua mente estava blindada. O que aconteceu momentos antes com o temor transfigurado em Samara deixou isso muito bem claro. Mas então Fobos acabou lhe oferecendo algo que, é claro, já era de se esperar… Um casamento. Ficar ao lado de Diego para sempre. Uma expressão preocupada tomou conta de mim, ainda focada demais em Diego e com medo de que ele cedesse por conta dessa promessa. Veja bem, ninguém controlava sua mente… Mas e seu coração? Mas se fui capaz de pensar que as coisas não poderiam se tornar ainda mais absurdas, é porque Deimos ainda não havia se dirigido a mim. Meus olhos caminharam em sua direção, fitando o deus do terror e analisando suas palavras.

Ivanna sempre está errada. Pensei, mas não quis verbalizar. Nós duas não nos batíamos, e eu detestava quando era obrigada a concordar com ela em alguma coisa, mas ainda assim, a revelação feita por Deimos simplesmente me fez ignorar os pensamentos sobre a filha de Atena. Ter a minha mão? Ele só podia estar de brincadeira. A forma como eu o encarava era enigmática, séria, permitindo que ele falasse tudo o que quisesse. Honestamente, eu refletia sobre cada sílaba falada por ele, tentando entender de onde ele tirou aquela ideia. Deimos queria minha fúria, mais do que isso, ele queria os poderes que agora sabia que eu possuía. Juntar-me a ele como sua esposa não seria a mesma coisa que Fobos e Diego, seria um casamento por interesse. Cada palavra dita naquele instante foi sincera, e isso eu também podia sentir. Foi impossível não pensar em Cole, em nossos momentos no acampamento, em como ele me trouxe a confiança que eu muitas vezes nem sabia que tinha. Ia muito além disso, e mesmo sabendo que não tínhamos nada, havia algo ali, algo que florescia há cada dia. Algo que eu jamais cogitaria quebrar. Nada respondi para Deimos de imediato, deixei que ele e seu irmão continuassem falando, parecia o momento de barganha. Uma barganha para os cinco, algo que eles com toda a certeza já tinham pensado.

Um a um, eu encarava meus companheiros, prestando atenção em suas feições, mas no fim eu sempre voltava a encarar Deimos. Suas expressões eram tão fortes quanto as minhas. Ele evitava mostrar o que realmente queria, assim como eu. Parecia uma batalha. As promessas de que seríamos deuses e que nenhum deus do Olimpo seria morto - a não ser que se voltassem contra eles - era infame. Não bastando, resolveram atacar meu pai, descredibilizá-lo. Uma coisa, porém, era verdade e não havia como negar: todos ali éramos peões. Zeus teve todo o tempo do mundo para me reclamar como sua filha, mas escolheu aquele momento, em seu templo, diante de uma situação que, agora eu acredito, ele imaginava que poderia acontecer. Talvez fosse de seu interesse que soubessem de quem eu era filha, e que soubessem que ele estava observando. Talvez fosse de seu interesse que eu soubesse que tinha uma escolha a fazer e que, de um jeito muito distorcido, ele me observava com atenção. Eu não era tola a ponto de acreditar que toda a sua motivação em me reclamar era por minhas ações. Pode ser que tenha sido, mas aquele não era o meu primeiro palpite.

E então Deimos voltou a se dirigir individualmente para cada um, dessa vez tentando fazer Ivanna confiar nele, assim como Ava, oferecendo-lhes cargos de generais de campanha. Pelos amor dos deuses… Era realmente um grande circo. Ambas eram excelentes estrategistas e eu nunca conheci alguém mais inteligente que Ava, Ivanna havia se mostrado uma boa líder - e que ela nunca saiba que pensei isso -, mas que oferta patética. Estava estampado em suas faces que aquilo jamais aconteceria. Por outro lado, havia Marissa. Desde o começo tentaram brincar com ela e com sua autoconfiança, mas agora pareciam fazer a melhor de todas as ofertas até agora, uma que verdadeiramente teria tocado meu coração se eu não soubesse que era apenas um monte de merda sendo bostejada pela boca. À ela foi oferecida a posição de deusa. Deusa dos pântanos e da serenidade, uma promessa de paz. Sério! Uma promessa de paz saindo da boca dos deuses do medo e do terror. Todo aquele papo de irmandade veio em seguida, o que explicou bem a respeito da profecia e o quê de fato era aquela irmandade. O sacrifício poderia vir por meio de tanta coisa, como os próprios Fobos e Deimos, ou nós cinco e Hefesto, e até mesmo… Os filhos de Harmonia. Lembrar deles e de como Zeus os tirou dali me deixou incomodada e aliviada ao mesmo tempo.

E quer ver ficar pior? Eles precisam das armas e precisam que morrêssemos, para que pudéssemos nos tornar deuses. Abrir mão da parte mortal e assumir a imortal. Até tentei prestar atenção em todas aquelas palavras no final, mas honestamente eu já estava de saco cheio. — Ai, parou. — Acabei falando, atraindo a atenção para mim. — Sabe de uma coisa? Vocês são mais agradáveis quando estão fazendo o que nasceram pra fazer… Até lutar com seus minios me deixava mais animada. — Revirei os olhos. Eu sempre tinha o dom de sair insultando os deuses… Não era uma coisa boa, mas fazer o quê. — No fim das contas vocês dois não passam de dois deuses mimados que choram porque o vovô tirou seus brinquedinhos. — Cuspi aquelas palavras com tanta vontade, que era palpável o quanto o brilho de satisfação assumia meu olhar. — E Deimos, da próxima vez que for querer um casamento por interesses, descubra se a outra pessoa tem algum interesse naquilo que você é capaz de oferecer. Eu, por exemplo, tenho interesse em que você vá pro raio que o parta. — Pisquei. O trocadilho talvez tenha feito algum sentido. E sim, aquilo havia sido uma recusa. Logo em seguida todos os outros pareceram recusar suas ofertas, mesmo Diego, que pareceu decepcionado em ter que fazer isso... É, aparentemente ele havia sentido algo a mais por Fobos, mas fiquei feliz em saber que as coisas não acabaram de maneira trágica. Pelo menos não como poderiam acabar. Mesmo assim, Marissa parecia estar resistindo. As ofertas feitas para ela eram realmente tentadoras, mas daí a aceitá-las? A encarei por um longo tempo, fazendo um gesto com o dedo, insinuando que cortaria mesmo a cabeça dela. Cara, ela só tinha o quê na cabeça? Cocô de cavalo?

Ficamos nos encarando por um longo tempo, com ela até rosnando para mim… Fiz uma careta de indignação diante daquilo. Sabe, não entendo o motivo de rosnar, deveria ser coisa de caipira. Mas eu não baixei a guarda. Estava realmente incomodada em ela ser a única ali a impedir as coisas de finalmente terminarem, porque lá no fundo eu acreditava que ela era capaz de resistir. Diferente do que eles disseram, Marissa não era um elo fraco, só estava tentada... Perigosamente tentada. E então, fazendo alguma coisa que eu realmente tenha concordado sem ficar irritada, Ivanna conseguiu colocar um pouco de juízo na cabeça da garota, a fazendo falar e falar e falar, negando a oferta como todos os outros. Okay, eu não sabia que ela era capaz de falar tanto assim. Naquele momento não havia mais nada a ser feito além de pegar minha arma, Apocryptógrafos, feita por Hefesto, e deixá-la se transformar novamente em chave de fenda e assim usá-la para abrir um dos globos enquanto Ava fazia o mesmo com o outro. Eram armas poderosas, eu podia sentir... Era palpável. Uma delas, o raio... Brilhava em minha direção. — Agora... — Falei, pegando ambas as armas e pronta para fazer com que elas desaparecessem para todo o sempre. E então foi assim, Marissa apontou o porquinho e eu as arremessei, dando passos para trás para que, no momento em que ela soltasse as chamas em direção aos itens, eu não fosse atingida. Depois disso, tudo o que restava era uma coisa: Ivanna precisava chamar Hefesto.
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Re: Olympieion

Mensagem por Láquesis Seg maio 22, 2023 12:19 am

Irmandade Sangrenta
A pele de Fobos começava a brilhar a cada recusa dada pelos semideuses. Ele estava prestes a tomar sua forma divina e dizimar a todos ali, mas foi Deimos quem o acalmou ao tocar o braço do irmão. Fobos olhou para Deimos e reparou que o irmão sorria. Uma conversa silenciosa e mental aconteceu entre os dois. Logo, Fobos também estava sorrindo. — Você está certo — disse para o irmão, olhando em seus olhos. — Nós tentamos o seu jeito. É a minha vez de brincar agora. — Fobos e Deimos se ergueram totalmente. A rede ainda os mantinha presos, mas a força divina deles ainda se fazia presente. — Eu falhei em não seguir o sangue de meu pai. Negociar com o inimigo é uma grande piada. Vocês estavam errados em pensar que não cumpririamos nossa parte. E assim mostraram que eu também estava errado. E por isso, eu os agradeço. — Deimos estava mais sorridente do que nunca. Para o irmão que demonstrava pouco divertimento, aquele sorriso queria dizer muita coisa. — Vocês escolheram o meio difícil. E agora sabemos a melhor forma de chegar onde precisamos. Os olimpíanos consideram vocês descartáveis. Está na hora de testar essa teoria. Nossa tomada do Olimpo começará por aquele antro de aberrações mortais e frágeis de onde vocês nunca deveriam ter saído. — Deimos olhou nos olhos de alguns deles e conseguiu imaginar o que estavam pensando. — A única razão por estarmos aqui debaixo desta rede é porque dois deuses os ajudaram. Veremos do que eles são capazes quando medo e terror invadirem o Acampamento Meio-sangue.
— Forças famintas pela morte dos heróis invadem as barreiras do acampamento enquanto falamos. E nós estaremos lá para assistir tudo de perto; esperando nossa hora de agir. Eu assistirei o medo colocar irmão contra irmão.
— Eu garantirei que o sangue de vocês e dos que vocês amam inundem a terra daquele local. A única oferta que lhe faço agora, filha de Atena  — disse para Ivanna —, é a cabeça decepada de Daryl, fincada na minha lança.

— Me parece — disse a voz vinda da entrada da caverna — que vocês terão que tirar um bom tempo para cumprir suas promessas. — Hefesto estava parado com as mãos nas costa, portando seu costumeiro semblante sem emoções. — Promessas, promessas…
— Nós teremos nossa vingança, ferreiro! — O grito de Deimos ecoou pela caverna. Hefesto tirou as mãos das costas revelando um enorme martelo de forja feito de bronze, brilhando oponente. — Eu sei… E nós estaremos aqui para colocá-los de castigo mais uma vez — Em um movimento rápido, Hefesto girou o martelo, passando por cima da cabeça, e o acertou com força no chão. Uma onda de choque jogou os heróis para trás, enquanto o chão craquelava - indo do local atingido por Hefesto até os deuses menores. Ao atingir seus pés, a rachadura no chão sugou os dois enquanto gritavam em fúria.

— Peço desculpas — disse ajudando Ava a se levantar do chão. — A prole de Afrodite com Ares costuma despertar o pior de mim — sussurrou para Ava. Era uma confissão difícil para Hefesto fazer, mas ele já demonstrara confiar o bastante nos heróis. Ele limpou a poeira dos ombros de Ava como um pai orgulhoso prestes a mandar a filha para a formatura. — Você precisa confiar mais em você mesma da mesma forma que confia em sua equipe, Ava Voughn. Acredite, eles não teriam cumprido metade desta missão se não fosse por você. Apenas mantenha os treinos em dia e lembre do orgulho que você me fez sentir. — Hefesto franziu o cenho com aquelas últimas palavras. Sentir não era bem algo que o deixava confortável. — Agora sei porque Zeus insistiu tanto para que eu incluísse você nesta missão — ele fez uma leve reverência para Mia. — Seja bem vinda a família, valente Sparkle. Apesar de não saber se devo lhe desejar condolências... Não é uma família fácil de lidar, como os gêmeos bem demonstraram. Mas talvez o que precisamos seja mesmo de uma menina de sangue quente como você para nos colocar em nossos lugares. A imagem esculpida de seu pai.— Hefesto deu uma breve risadinha. Logo, caminhou na direção de Marissa com a cabeça levemente inclinada - como se estudasse o protótipo de uma máquina. — Dificilmente algum deus seria capaz de oferecer o que Fobos e Deimos ofereceram. E não duvido que eles fossem capazes de cumprir com suas promessas. Mas ainda assim você escolheu apoiar aqueles que ama, mesmo que isso signifique colocar em risco a sua família e apoiar deuses que não têm muito a oferecer a não ser sofrimento. — Hefesto passou o dedo, gentilmente, pela testa de Marissa. — Você é mais corajosa do que acredita ser, Marissa Seymour. — Um tímido sorriso surgiu por trás da barba mal cuidada de Hefesto. — Você foi a minha maior surpresa, Diego Herrera. Fobos poderia lhe dar aquilo que a humanidade conseguiu destruir nos últimos mil anos. Afrodite sempre nos ensinou sobre a validade de toda a forma de amor, mas, com o tempo, os mortais conseguiram distorcer tudo o que ela os ensinou. Não culpe Fobos pela fobia em homofobia. Ele deve ter puxado algo de bom da mãe dele. Acho que Afrodite ficaria feliz em saber que você ainda acredita no amor. Ainda que ele doa e venha da pessoa ou do momento mais infortúnio. — Hefesto foi até Ivanna e pegou o arco da mão da garota. — Você tem sido o melhor tutorial ambulante que o Olimpo já viu. Artemis tem muito a agradecer pela forma como você vem usando este arco. Ela tem aprendido coisas novas a cada missão cumprida por você. Além de apreciar sua liderança e estratégias. Ela ainda acha que você daria uma ótima caçadora. Apesar de Afrodite pensar diferente… Mas sei que com o sangue de sua mãe correndo em suas veias, você tomará a melhor decisão no final. — Hefesto devolveu o arco de Ivanna e foi para o centro da caverna. Deu duas batidinhas com o pé no chão, e um círculo de bronze com a letra H se formou; um elevador de Hefesto. — Hora de ir para casa, heróis.

[...]

A viagem foi tão rápida quanto a última. Quando o elevador alcançou a superfície, os heróis estavam outra vez na forja dos monstros de Hefesto. O próprio deus resolveu fazer a viagem com os jovens. No caminho, tratou de deixar claro que os heróis poderiam ficar com os itens dados a eles para cumprirem a missão. “Não me têm utilidade agora que as armas foram destruídas”, segundo Hefesto. O deus ferreiro guiou os cinco até a praia, onde o Tormenta de Squila havia voltado a sua gloriosa forma, graças aos ciclopes trabalhando para Hefesto. A bordo do navio já se encontravam os cinco pegasus enviados por Kai Waller. Eles comiam feno e maçãs juntadas pelos ciclopes. Um deles, aliás, trouxe até Diego um pequeno embrulho, dizendo ao filho de Dionísio que ele havia feito uma arma com um dos dentes de Cila separado pelo garoto. “Espero que goste”. Além da arma, os ciclopes colocaram coroas de folhas de louro douradas nas cabeças de cada herói.

Hefesto observou os ciclopes explicarem todo o serviço feito na reconstrução do navio. E parecia ser o único ali realmente interessado na conversa. Quando os ciclopes se afastaram, Hefesto se virou para os meninos. — Apesar do sucesso de vocês, espero que estejam cientes de que Fobos e Deimos ainda são deuses. E acredito que isso não tenha acabado aqui. Outros deuses menores pensam como eles, e podem acabar se juntando à causa. Não sei quanto tempo vai levar para eles cumprirem sua promessa de atacar o acampamento, ou sequer se eles vão levar isso adiante. Há filhos de Afrodite e Ares naquele lugar. Pode ser que os dois deem um jeito nos gêmeos e os convença do contrário. Mas eu não espero nada de bom vindo do Medo e do Terror… — Hefesto ficou em silêncio por um tempo; pensativo. — Mas eles falaram uma verdade. Forças perigosas tentam penetrar o acampamento. Sacrifícios serão feitos e seus irmãos e primos precisam de vocês. Tentem deixar esta missão para trás, se puderem. Foquem suas forças no que está acontecendo agora. — Como se fosse possível, Hefesto corou. — Mas espero que não se esqueçam de mim. Levem uma benção minha com vocês. Considerem uma garantia de que eu, também, não esquecerei de vocês e o do que fizeram por mim.

Com todos os heróis embarcados no Tormenta, Hefesto se juntou aos ciclopes que acenavam em despedida para os heróis conforme eles se afastaram mais e mais da orla do vulcão. Quando os presentes na praia parecia terem se tornado formiguinhas ao longe, uma luz, vinda do ponto onde Hefesto estava, iluminou toda a praia.

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Re: Olympieion

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